No final de fevereiro de 2025, Wasif George, um cristão de 34 anos, foi sequestrado, espancado e humilhado publicamente por um grupo de vizinhos muçulmanos em Chak 110-GB Chak Jhumra, uma aldeia na província de Punjab, no Paquistão.
O incidente ocorreu no dia 27 de fevereiro, quando Wasif estava recolhendo galhos caídos para usar como lenha em uma área próxima a um canal. Ele foi acusado falsamente de roubar madeira das propriedades de proprietários de terras muçulmanos.
De acordo com seu irmão, Patras George, sete homens muçulmanos o capturaram e o levaram até a propriedade de Junaid Javed, onde o espancaram, rasparam sua cabeça e barba, e o torturaram de outras formas.
Patras relatou ao Morning Star News que, enquanto Wasif estava recolhendo lenha, os agressores o arrastaram para uma propriedade local, onde o humilharam ainda mais. “Eles não apenas o espancaram, mas também rasparam sua cabeça e barba através de um barbeiro”, contou Patras.
Além disso, os agressores forçaram Wasif a “desfilar” pelas ruas da aldeia montado em um burro, com o rosto pintado de tinta. A situação foi presenciada por toda a comunidade, mas ninguém ousou intervir devido às ameaças dos agressores, que brandiam armas e proibiam a filmagem da cena de abuso.
Ao saber do ocorrido, Patras correu até o local, mas encontrou seu irmão em estado de choque, já sem os agressores no local.
“Não consigo descrever a dor de ver meu irmão mais novo nessa condição”, lamentou. Desde o evento, Wasif desenvolveu sintomas de depressão e pensamentos suicidas. Sua esposa e familiares agora monitoram constantemente suas ações, temendo que ele tente se suicidar devido à humilhação sofrida.
Patras ressaltou que seu irmão não roubou lenha, mas apenas recolheu galhos caídos, o que, segundo ele, não justifica a violência que Wasif sofreu.
“Se ele realmente tivesse cometido algum ato errado, os proprietários de terras poderiam tê-lo prendido e acusado de acordo com a lei”, afirmou Patras.
Omissão das autoridades
Patras também criticou o fato de os agressores, apesar de serem pessoas influentes e com antecedentes policiais, não terem sido presos. Eles usaram sua relação com as autoridades locais para se livrar das acusações e, conforme Patras, pressionam a família para uma reconciliação.
Em relação à postura da polícia, Patras destacou o viés das autoridades, que não tomaram medidas significativas para punir os responsáveis.
“Embora a polícia tenha registrado o caso, os acusados pagaram fianças e ainda estão nos pressionando”, disse Patras, criticando o fato de que, uma semana após o incidente, ainda não haviam sido ouvidos pela polícia.
A situação dos cristãos na aldeia, composta por cerca de 25 a 30 famílias, é descrita como extremamente difícil, já que são em sua maioria muito pobres e não têm meios de se defender contra os abusos dos muçulmanos mais ricos e influentes da região.
“Nenhum de nossos líderes religiosos ou políticos cristãos mostrou qualquer preocupação com nossa situação. Eles estão apenas preocupados com dinheiro e títulos, sem se importar com a nossa luta por justiça”, afirmou Patras.
A violência contra Wasif chamou a atenção de Aslam Sahotra, presidente do partido Masiha Millat do Paquistão, que se comprometeu a buscar justiça para o cristão. Ele também criticou a inação da polícia, que, segundo ele, dificulta ainda mais a busca por justiça para as pessoas vulneráveis no país.
O Paquistão figura na 8ª posição da Lista Mundial de Perseguição de 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas, entre os países mais difíceis para os cristãos viverem.