O relatório anual da International Christian Concern (ICC) aponta um aumento significativo da vigilância digital contra cristãos em diversos países, destacando-se a China como o principal exemplo.
Segundo o documento, regimes autoritários têm utilizado tecnologias avançadas, como reconhecimento facial e rastreamento de aplicativos bíblicos, para monitorar e reprimir comunidades religiosas.
A Lista Mundial da Perseguição 2025, divulgada pela Portas Abertas, indica que mais de 380 milhões de cristãos enfrentam algum tipo de perseguição globalmente, o que representa um em cada sete fiéis.
O secretário-geral da organização, Marco Cruz, enfatiza que a perseguição digital tem sido uma estratégia recorrente em países como China, Coreia do Norte e Sri Lanka, onde a vigilância estatal é constante. “A China tem se consolidado como o país que mais utiliza a tecnologia para perseguir, prender e pressionar cristãos”, afirmou Cruz, que já residiu no país asiático.
O relatório aponta que sob a liderança de Xi Jinping, a repressão religiosa na China se intensificou, alcançando novas dimensões no ambiente digital. “O objetivo é criar uma forma de autoritarismo capaz de exercer um controle social sem precedentes”, acrescenta Cruz. Além da China, Índia, Irã e Arábia Saudita também são citados por adotarem práticas semelhantes de monitoramento.
A vigilância digital impõe desafios diários aos cristãos, forçando muitos a praticarem sua fé secretamente. O risco de prisão, tortura e até morte torna-se real em países onde qualquer atividade religiosa não autorizada pode ser considerada uma ameaça ao regime. Cruz menciona que simples indícios, como movimentação frequente em locais de culto ou posse de materiais religiosos proibidos, podem resultar em punições severas.
Outro aspecto abordado no relatório é a “vigilância transacional”, que extrapola as fronteiras nacionais para intimidar dissidentes. Um exemplo citado é o da Turquia, que utiliza tecnologia para monitorar cristãos exilados na Armênia, pressionando suas famílias que permanecem no território turco.
Na América Latina, a Nicarágua aparece pela primeira vez no levantamento da ICC devido ao aumento da repressão religiosa. O governo de Daniel Ortega tem intensificado o monitoramento de líderes cristãos, principalmente da Igreja Católica, afetando a organização pastoral no país.
O presidente da ICC, Jeff King, destacou que esses casos não são isolados, mas fazem parte de uma tendência global. “Cristãos em todo o mundo enfrentam ameaças diárias à sua vida e à liberdade religiosa”, afirmou.
De acordo com a Gazeta do Povo, o relatório ressalta a necessidade de atenção internacional e medidas para garantir a liberdade de culto e crença em meio a um cenário de crescente repressão digital.