Após o ataque terrorista que matou 25 pessoas na Igreja Ortodoxa do Profeta Elias em Damasco, no dia 22 de junho, comunidades cristãs da Síria iniciaram uma série de protestos e cerimônias fúnebres, exigindo proteção contra a perseguição religiosa.
O atentado, ocorrido durante uma celebração, envolveu um homem-bomba que disparou contra fiéis antes de detonar um colete explosivo, ferindo dezenas além das vítimas fatais.
No fim de semana de 26 a 27 de junho, centenas de cristãos marcharam pelas ruas de Qamishli, portando cruzes e fotos das vítimas. Conforme registrado pelo grupo The Christians Of The East, os manifestantes entoaram frases como:
“Somos todos contra o terrorismo. Somos todos sírios — muçulmanos e cristãos” e “Nenhuma explosão pode arrancar uma árvore profundamente enraizada com milhares de anos”. Paralelamente, a Igreja de São Jacob de Nísibis realizou um culto em homenagem aos mortos.
Os funerais das vítimas tiveram início em 24 de junho em diversas cidades. Na Igreja da Santa Cruz em Damasco, o Patriarca Ortodoxo Grego de Antioquia, João X Yazigi, liderou a principal cerimônia, criticando publicamente o governo do presidente Ahmed al-Sharaa:
“Somos gratos pelo telefonema [de condolências], mas o crime que ocorreu é maior do que isso”, declarou, referindo-se à ausência de medidas concretas de proteção.
Entre as vítimas na Síria, destacou-se a história de Milad, que tentou impedir o atacante ao lado de outros dois fiéis. Seu irmão, Emad, relatou à BBC: “Não estamos mais seguros aqui”. Já Angie Awabde, 23 anos, sobrevivente com múltiplos ferimentos, afirmou de seu leito hospitalar: “Só quero deixar este país […] Se o governo não pode nos proteger, queremos sair”.
O contexto de insegurança intensificou-se sob o governo de al-Sharaa, empossado em dezembro de 2024 após a queda de Bashar al-Assad. Martin Parsons, do Lindisfarne Centre for the Study of Christian Persecution, apontou o agravamento das condições para os cristãos, lembrando o massacre de centenas em março de 2025 nas regiões costeiras de Jableh e Baniyas. Meletius Shattahi, líder do Patriarcado Ortodoxo, denunciou a circulação de vídeos com pregadores islâmicos armados ameaçando bairros cristãos: “Isso ocorre publicamente, e o governo não age”.
Até 28 de junho, nenhuma resposta formal do governo às demandas por proteção havia sido registrada, enquanto relatos de ameaças e pedidos de emigração aumentavam entre a minoria cristã, que representa cerca de 10% da população síria. Com: BBC