Kumar, 33 anos, barbeiro que deixou o hinduísmo para se converter ao cristianismo, foi agredido por uma multidão no noroeste de Bangladesh após discutir sua fé com um parente em seu estabelecimento. O caso foi reportado pela organização Portas Abertas, que monitora perseguição religiosa no país.
Nessa ocasião, durante uma conversa na barbearia, Kumar questionou a adoração a ídolos do hinduísmo, afirmando: “Por que adorar estátuas feitas por homens? Elas não têm poder para abençoar ou amaldiçoar.” O parente, indignado, acusou-o publicamente de “desonrar a religião” e incitou a comunidade contra a família.
Na manhã seguinte, uma multidão invadiu a casa de Kumar, espancando-o e a parentes próximos com paus e chutes. “Me jogaram no chão e me bateram na minha própria casa. Minha cabeça ainda dói, e não esperava essa reação dos vizinhos”, relatou ele à Portas Abertas.
Consequências
Líderes locais do hinduísmo decretaram boicote total à família: proibiram interações sociais, compras ou vendas. O irmão de Kumar declarou: “Ninguém pode nem falar conosco. Somos tratados como párias.” Com a barbearia como única fonte de renda, Kumar teme falência: “Orem para que os clientes não deixem de vir.”
Contexto Religioso:
-
Bangladesh tem 90% de população muçulmana e 8,5% hindu, segundo o CIA World Factbook (2023). Cristãos representam menos de 0,5%.
-
A conversão do hinduísmo ao cristianismo é rara e frequentemente alvo de represálias. A Portas Abertas posiciona o país em 30º na Lista Mundial da Perseguição 2024.
Kumar converteu-se há cinco anos, seguido por parte da família. Desde então, enfrentou pressões, mas manteve atividades evangelísticas discretas. “Não me arrependo de seguir Jesus, mas peço orações por segurança”, disse, relembrando ainda que foi agredido com pedaços de pau.
Além do risco econômico, Kumar relata temor de novos ataques: “Trabalho até as 22h e tenho medo de voltar para casa no escuro. Eles podem me esperar no caminho.”
Resposta das autoridades
Não há registros de investigações policiais ou condenações relacionadas ao caso. A Portas Abertas presta apoio jurídico e financeiro à família, mas não detalhou medidas concretas.
Segundo a Christian persecution monitor (2023), 70% dos ataques a cristãos em países de maioria não cristã partem de comunidades locais, não de governos.
O caso ilustra desafios de minorias religiosas em regiões com tensões étnico-religiosas. Como afirmou um analista da Portas Abertas: “A liberdade de crença muitas vezes esbarra em tradições comunitárias arraigadas.”
Nacionalistas planejavam sacrificar cristãos em templo hindu
