Recentemente o governo chinês, representado pelo único Partido Comunista da China e seu líder, Xi-Jinping, buscou justificar uma medida que tomou no início desse mês para tentar barrar o avanço do cristianismo da região. Em um comunicado ofcial, a China admite que está regulando a venda de Bíblias e outros livros online, embora tente fazer parecer que não se trata de perseguição religiosa.
“A China regulou recentemente a venda de livros e revistas online. Algumas versões da Bíblia que não tinham um número de série de publicação foram retiradas da internet junto com outras publicações não autorizadas. O movimento foi mal interpretado por alguns meios de comunicação ocidentais”, diz um trecho do comunicado, segundo a Global Times, jornal do Partido Comunista.
O governo alega que não proibiu a venda de Bíblias, mas que está apenas “regulando” a comercialização para que ocorra de forma legal:
“Esta não é uma campanha direcionada a todas as publicações religiosas. Vários outros livros relacionados ao estudo da Bíblia continuarão disponíveis, desde que sejam publicados através de canais legais. No entanto, a China permite que a Bíblia seja vendida apenas através de igrejas, não em livrarias, e algumas plataformas on-line burlavam essa regra”, diz outro trecho.
A verdade, porém, é que o governo chinês pretende autorizar a venda das Bíblias que considera “adequadas ao regime socialista”, motivo pelo qual há rumores de que o país pretende lançar a sua própria versão das Escrituras, interpretada conforme o viés ideológico socialista, segundo informações da organização ChinaAid, que monitora a perseguição aos cristãos no país.
Na prática, a circulação de “Bíblias legais” é o mesmo que o funcionamento das “igrejas legais”. Isto é, não há liberdade religiosa, mas sim um modelo de culto e doutrina que o Partido Comunista considera “adequado”, por ser incapaz de ameaçar a estabilidade do regime autoritário no país.
A maioria das igrejas cristãs, de fato, na China, são consideradas “clandestinas” pelo governo. As que são legalizadas não possuem autonomia na indicação das lideranças, assim também como são proibidas de influenciar questões de aspectos políticos e morais considerados normas do Partido Comunista. É nesse contexto de rígido controle ideológico que o governo pretende controlar o avanço do cristianismo no país.
Apesar de várias organizações cristãs internacionais, como o Portas Abertas, saberem a verdade, o governo comunista chinês se esforça para mascarar a realidade. Ainda assim, nas entrelinhas do seu comunicado é plenamente possível observar o viés autoritário, como no trecho abaixo, onde o regime acusa a mídia ocidental de “se intrometer” nos assuntos do pais:
“Algumas forças ocidentais e a mídia ocidental gostam de se intrometer nos assuntos cristãos da China, interpretando mal as políticas do governo e instigando confrontos. Eles parecem estar promovendo um conceito de que as atividades cristãs devem seguir as práticas ocidentais ao invés de se adequarem à realidade social e à governança da China.”.