Na manhã de 26 de junho, o pastor Huang Yizi, conhecido líder cristão na província de Zhejiang, foi detido por policiais chineses em frente à sua residência. Segundo informações fornecidas por sua esposa, os agentes realizaram uma busca dentro da casa, confiscaram diversos objetos sem apresentar mandado judicial e, ao tentarem impedir que a ação fosse gravada, agrediram fisicamente a mulher.
Ainda na mesma data, outros quatro cristãos também foram presos na região de Zhejiang. A esposa de Huang informou que, no dia 27 de junho, foi comunicada pelas autoridades de que o pastor havia sido formalmente detido sob a acusação de “operações comerciais ilegais”.
De acordo com a China Aid, organização norte-americana que atua na defesa de cristãos perseguidos, a acusação é considerada infundada. Segundo a entidade, este tipo de justificativa tem sido utilizado por autoridades chinesas como instrumento de repressão contra líderes religiosos que não se submetem ao controle estatal.
Histórico de perseguição
Huang Yizi é alvo de ações governamentais há vários anos. Em 2015, foi condenado a um ano de prisão após liderar protestos contra a demolição forçada de cruzes de igrejas locais. Em 2017, ele foi novamente detido, e logo após ser libertado, em menos de um mês, recebeu nova acusação: teria, supostamente, revelado segredos de Estado para entidades estrangeiras. Por causa disso, permaneceu cinco meses em prisão domiciliar.
Desde então, tem sido vigiado de forma contínua pelas autoridades da região. A atual prisão ocorre em meio a um contexto de intensificação da vigilância e controle sobre igrejas independentes.
Sem acesso à defesa
A China Aid denunciou que os advogados do pastor foram impedidos de se reunir com ele no Centro de Detenção de Pingyang, onde ele está detido. Os representantes legais protocolaram uma reclamação formal no sistema judiciário local, alegando violação de direitos fundamentais.
Segundo comunicado da organização:
“Eles apontaram que os investigadores do caso podem estar obstruindo ilegalmente a reunião, o que pode estar vinculado à coleta ilegal de evidências. Os advogados alertaram publicamente que qualquer evidência obtida por meios ilegais deve ser excluída pelo procurador local e promotores da Procuradoria Popular do Condado de Pingyang”.
Clamor por orações
A esposa do pastor fez um apelo por orações em meio ao cenário de incerteza. Em declaração publicada pela Missão Portas Abertas, ela afirmou: “Ore pelas famílias e igrejas dos cristãos [detidos] e do pastor. Que o Senhor os console e fortaleça”.
Segundo a Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas, a China ocupa a 15ª posição entre os países onde há maior hostilidade à prática da fé cristã. A repressão tem se intensificado especialmente contra comunidades que se recusam a se submeter à supervisão da Associação Patriótica Católica Chinesa e do Movimento Patriótico das Três Autonomias, instituições controladas pelo Partido Comunista da China.
As ações do governo têm sido denunciadas por organizações internacionais, que apontam violações à liberdade religiosa e tentativas de silenciar dissidências através de acusações judiciais recorrentes e restrições legais ao exercício do ministério pastoral independente.