Após o cessar-fogo entre Irã e Israel em junho, autoridades iranianas redirecionaram esforços para controle interno. Entre 13 e 24 de junho, período coincidente com o conflito externo, a organização Portas Abertas registrou mais de 700 prisões em território iraniano e 10 execuções por acusações de espionagem.
Bloqueios iniciados em regiões curdas expandiram-se para outras províncias, ameaçando também a vida dos cristãos locais.
Em 29 de junho, o Parlamento iraniano aprovou às pressas nove artigos legais facilitando processos sumários. Especialistas jurídicos alertam que as mudanças permitirão acelerar julgamentos nos Tribunais Revolucionários, onde detidos frequentemente são privados de direitos básicos: sem acesso a advogados independentes, julgamentos justos ou proteção contra confissões obtidas sob tortura.
Organizações de direitos humanos afirmam que o governo do Irã usa prisões em massa e execuções como mecanismo de repressão em crises.
Foco em minorias e cristãos:
Lana Silk, da entidade cristã Transform Iran, relatou ao Mission Network News:
“Autoridades revistam carros, casas e celulares — algumas pessoas são paradas aleatoriamente. Centenas foram presas, não apenas cristãos, e algumas executadas sob acusação de ameaçar a segurança nacional”.
Cristãos convertidos do islamismo enfrentam risco elevado. A conversão é proibida por lei, e praticantes não reconhecidos (como armênios e assírios) sofrem discriminação sistemática. O Irã ocupa o 9º lugar na Lista Mundial de Perseguição 2025 da Portas Abertas, entre países com perseguição “extrema”.
Crise carcerária e condições:
Após um ataque de mísseis à Prisão de Evin em junho, condições deterioraram-se:
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Prisioneiros políticos transferidos para unidades de alta segurança;
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Celas com infestação, água contaminada e ventilação inadequada;
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Corte total de comunicação externa.
Entre os detidos estão ativistas pacíficos e líderes cristãos. Um caso citado envolve condenação de seis anos por “comentário online”.
A população enfrenta racionamento rigoroso de gás e escassez de alimentos. Silk destacou: “Movimentar dinheiro é difícil. Sobreviver no dia a dia tornou-se um desafio, e os cristãos lutam contra o medo crescente”.
Resposta das comunidades:
Apesar da perseguição, grupos cristãos mantêm atividades clandestinas. Um convertido iraniano declarou: “Conhecemos o Senhor mais intimamente em tempos de dor. O amor é o testemunho mais poderoso”.
Organizações religiosas internacionais reduziram contatos com fiéis locais para evitar riscos, enquanto redes internas buscam fornecer apoio espiritual e material.
Nenhuma manifestação oficial foi emitida pelo governo iraniano sobre as acusações de repressão desproporcional. A comunidade internacional monitora relatos de violações, sem ações concretas até o fechamento desta edição. Com: Guiame.