Um grupo de hindus invadiu e atacou uma celebração de casamento cristão na vila de Polmi, distrito de Raipur, no estado de Chhattisgarh, na Índia, na quarta-feira, 11 de junho. O episódio deixou feridos e intensificou a preocupação com a crescente violência contra minorias religiosas no país.
De acordo com testemunhas, a cerimônia transcorria normalmente quando uma multidão entrou no local e começou a agredir convidados. Familiares dos noivos se refugiaram em uma casa próxima, enquanto os agressores tentavam arrombar a porta. O noivo, parente de um pastor local, fugiu do local, e a noiva escondeu-se em um campo.
Durante o ataque, pneus foram incendiados e veículos, incluindo carros e motocicletas, foram danificados. Alguns convidados buscaram ajuda na delegacia local, mas, segundo relataram, foram informados de que não havia efetivo suficiente para conter o ataque. A ação deixou diversos convidados feridos e provocou forte trauma na família dos noivos.
Agressão no dia seguinte
Na quinta-feira, 12 de junho, o pai do noivo retornou discretamente à vila para devolver utensílios utilizados na recepção. No entanto, foi reconhecido por moradores e cercado por um novo grupo de agressores. Ele e outros dois homens foram espancados com gravidade e precisaram ser hospitalizados.
Segundo a International Christian Concern (ICC), organização que monitora casos de perseguição religiosa, o ataque evidencia uma escalada nas hostilidades contra cristãos na região. “Os radicais hindus não estão atacando apenas igrejas e reuniões de oração, mas também casamentos e outros eventos sociais cristãos”, afirmou a entidade em nota.
Contexto de perseguição religiosa
Nos estados vizinhos de Madhya Pradesh e Uttar Pradesh, pastores cristãos também relataram terem sido alvos de acusações falsas durante eventos familiares, como festas de aniversário. Lideranças cristãs locais, que pediram anonimato por razões de segurança, disseram que a comunidade cristã em Chhattisgarh vive hoje sob medo constante, sem garantia da aplicação dos direitos constitucionais.
Em protesto, cristãos de diferentes regiões da Índia se reuniram em manifestações públicas no dia 9 de junho. A mobilização foi organizada pela Frente Nacional Cristã, como resposta à violência sistêmica que, segundo seus representantes, tem afetado diretamente igrejas, famílias e comunidades inteiras.
“O detalhe sobre a Índia é que, na Constituição, há liberdade religiosa: para compartilhar sua fé, viver sua fé e até permitir que outras pessoas se juntem à sua fé”, declarou Greg Musselman, representante da organização Voz dos Mártires do Canadá. “É como se eles tivessem dito: ‘Já tivemos o suficiente disso, é hora de nos levantarmos juntos, é hora de nos unirmos’”, acrescentou, referindo-se aos protestos recentes.
Rankings de perseguição
A Missão Portas Abertas, que publica anualmente a Lista Mundial da Perseguição, classificou a Índia como o 11º país mais hostil aos cristãos em 2025. Em 2013, a Índia ocupava a 31ª posição. A escalada no ranking coincide com o governo de Narendra Modi, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em maio de 2014.
Organizações defensoras dos direitos religiosos associam esse crescimento na perseguição ao discurso e às políticas do governo liderado pela Aliança Democrática Nacional, sob comando do Partido Bharatiya Janata (BJP), de orientação nacionalista hindu. Segundo essas entidades, o ambiente político teria encorajado ações de extremistas contra minorias religiosas, especialmente cristãos e muçulmanos.
Até o momento, as autoridades locais não se pronunciaram publicamente sobre os ataques registrados em Chhattisgarh. A comunidade cristã local segue cobrando uma investigação formal e proteção adequada para seus membros.