A ex-muçulmana Grace conta que foi escolhida aos 14 anos por um homem com quem seria forçada a se casar ainda na adolescência. “Eu ainda era uma criança, sem idade suficiente. Mas ninguém se opôs”, relembrou, com lágrimas, descrevendo uma realidade do Irã.
Apesar dos esforços para manter o relacionamento e desenvolver sentimentos pelo marido, o casamento rapidamente se deteriorou.
Segundo seu relato, os casos extraconjugais do marido se multiplicaram, incluindo um relacionamento prolongado. Após confrontá-lo, Grace foi agredida com um cinto. “Rezei a Alá, mas não obtive resposta”, afirmou. Após anos de sofrimento, ela conseguiu o divórcio, mas enfrentou novos desafios.
Rejeição familiar
Após a separação, Grace foi rejeitada pela família e ficou sozinha com dois filhos pequenos. Para sustentar as crianças, aceitou trabalhos braçais enquanto enfrentava a fome, o isolamento e o preconceito. Mais tarde, ela se casou com Barat, um homem que descreve como gentil.
Foi através de Barat que a história de Grace começou a se entrelaçar com a Bíblia. Quando o ministério cristão Transform Iran o convidou para participar da tradução das Escrituras para o idioma étnico da família, ele aceitou.
Apesar da honra, decidiu manter Grace afastada do projeto: “Ele pegou o laptop, foi até a sala e trancou a porta. Eu disse: Barat, por que você trancou a porta? Ele me respondeu que só os membros do grupo e do comitê podiam participar da reunião. Fiquei muito chateada”, relatou.
O nome de Jesus
A curiosidade levou Grace a ouvir secretamente as reuniões do marido. Foi nesse contexto que escutou pela primeira vez o nome de Jesus. “Só de ouvir o nome Jesus, meu coração foi tocado. Isso me acalmou. Eu queria realmente conhecer essa história sobre quem era Cristo”, afirmou.
Do lado de fora da sala, ela começou a contribuir com sugestões sobre palavras da tradução, sem ser oficialmente incluída. A cada novo encontro, a sede por conhecer Jesus aumentava. Com o tempo, Barat permitiu que Grace se juntasse ao grupo de tradução.
Evangelismo no Irã
Ao aprofundar-se nas palavras de Jesus, Grace diz ter sido profundamente transformada. Com apoio pastoral remoto do Transform Iran, decidiu seguir a fé cristã. “Minha vida foi redimida. Encontrei meu Salvador”, afirmou.
Logo, sentiu o desejo de compartilhar sua nova fé com outros. Com as Escrituras traduzidas, passou a frequentar um parque local, onde evangeliza em sua própria língua. “Agora, vou ao parque duas vezes por dia para evangelizar. Quando conversamos com as pessoas, elas aceitam de coração. Não faz nem um ano que aceitei Jesus. Já anunciei o evangelho a 600 pessoas e 80 se entregaram a Ele”, declarou.
Região antes não alcançada
Segundo Grace, há um ano sua região não contava com igrejas visíveis. Agora, pequenos grupos se reúnem discretamente para aprender sobre Jesus. Esses encontros recebem apoio remoto da equipe do Transform Iran, com materiais, orações e orientação pastoral.
“O Irã é um lugar perigoso para nós, mas cremos em Jesus Cristo. Não tenho medo de nada”, afirmou Grace, segundo o portal Guia-me.
Hoje, ela se dedica à missão de evangelizar sua comunidade, descrevendo a Palavra de Deus como “amor, amizade e paz”. Para ela, traduzir esse amor à sua língua materna é também uma forma de dar sentido à própria vida, após anos de sofrimento e rejeição.