Na noite de 14 de fevereiro, o padre Donald Martin Ye Naing Win, de 44 anos, foi assassinado enquanto estava sozinho na Igreja Ludmal Thawma, localizada na Vila Kangi Taw, na região de Sagaing, no noroeste de Mianmar.
O incidente ocorreu por volta das 19h e foi confirmado pelo portal Catholic Connect. O padre, membro da Arquidiocese de Mandalay, foi esfaqueado até a morte por homens armados.
A morte do padre Ye Naing Win é a primeira de um clérigo católico desde o início do conflito civil em Mianmar, que se intensificou após o golpe militar de 2021, que depôs o governo democraticamente eleito de Aung San Suu Kyi.
A Associated Press informou que, no mesmo dia, pelo menos 10 membros de um grupo de resistência local foram detidos, sob a acusação de envolvimento no ataque.
O Governo de Unidade Nacional (NUG), uma das principais entidades que lidera a oposição ao regime militar, condenou o assassinato e afirmou que os suspeitos seriam membros de uma força de defesa local.
O NUG também prometeu investigar o caso e ressaltou que tal ato de violência contra civis, incluindo líderes religiosos, é inaceitável.
Embora o motivo do ataque ainda não tenha sido claramente definido, algumas fontes indicam que Ye Naing Win teria sido acusado de colaborar com os militares. O Myanmar Now, veículo de mídia independente, relatou que o padre seria considerado um informante do regime.
A Christian Solidarity Worldwide, organização internacional de vigilância, indicou que o assassinato do padre segue um padrão de violência crescente contra minorias religiosas sob o governo militar, com igrejas e clérigos enfrentando cada vez mais ataques, prisões arbitrárias e restrições.
Em resposta ao crime, o cardeal Charles Bo, presidente da Conferência Episcopal Católica de Mianmar, expressou indignação, afirmando que o assassinato do padre “não pode ser facilmente esquecido”. Ele pediu que as autoridades responsáveis tomem medidas apropriadas para garantir que justiça seja feita e que eventos como este não se repitam.
O presidente fundador da CSW, Mervyn Thomas, solicitou uma investigação independente e completa sobre o crime, apelando à comunidade internacional para exigir justiça e responsabilização, além de apoiar a proteção da liberdade religiosa em Mianmar.