No último sábado, 7, cerca de 4 mil muçulmanos reuniram-se no Santuário Marcelliana, em Monfalcone, nordeste da Itália, para celebrar a “Festa do Sacrifício” (Eid al-Adha), uma das principais datas do calendário islâmico.
O espaço, pertencente à Igreja Católica, foi cedido temporariamente para a oração coletiva devido à escassez de locais adequados na região, mas resultou em polêmica após uma imagem de Jesus ter sido coberta.
Isso, porque, durante a cerimônia uma estátua de Jesus Cristo presente no santuário foi coberta com um pano. Imagens do ato, circuladas nas redes sociais, desencadearam críticas de autoridades e fiéis católicos, que consideraram o gesto uma desconsideração ao simbolismo cristão do local.
Reações
Anna Cisint, ex-prefeita de Monfalcone e membro do partido Liga Norte, classificou o episódio como “grave e inaceitável”: “A Itália está continuamente regredindo. Devemos trabalhar para trazer as pessoas de volta às igrejas em vez de entregar peças tão importantes ao Islã”.
Cisint atribuiu parte da responsabilidade à própria Igreja Católica: “Trata-se de denunciar o declínio do cristianismo legitimado por certa ideologia, inclusive dentro de uma parte do clero”.
O deputado Rossano Sasso (Liga Norte) endossou as críticas: “Isto não é diálogo entre religiões, mas submissão. Submissão a uma religião que nos considera infiéis”.
Posicionamento da Igreja
Dom Flavio Roberto Carraro, responsável eclesiástico pela região, afirmou à emissora pública RAI: “Ninguém deveria ter coberto a estátua, mas é necessário verificar a autenticidade das imagens divulgadas”.
Ele reiterou que a cessão do espaço visava “promover coexistência pacífica”, lembrando que a diocese já havia acolhido outras comunidades religiosas em ocasiões anteriores.
Cisint defendeu a criação de um marco legal para o Islã na Itália: “É necessária uma regulamentação séria, começando por um acordo formal com o Estado. Um acordo que falta não por responsabilidade do governo, mas pela ausência de interlocutores dispostos a reconhecer que aqui reina a Constituição, e não o Alcorão”.
Nas redes sociais, a jornalista Alessandra Almeida Chianelli Dutra comentou: “Cristianismo silenciado em pleno santuário italiano. Em nome de um multiculturalismo mal compreendido, cristãos são coagidos a esconder seus símbolos. Quando a tolerância vira capitulação, o próximo passo é o apagamento”.
Contexto
A Festa do Sacrifício comemora o episódio bíblico do quase-sacrifício de Ismael (para muçulmanos) ou Isaac (para judeus e cristãos) e inclui orações coletivas, caridade e partilha de alimentos.
A utilização de espaços cristãos por comunidades muçulmanas ocorre em várias cidades europeias com escassez de mesquitas, frequentemente gerando tensões culturais. Com: Il Giornale