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Cerca de 500 participantes do movimento “Mayday USA” reuniram-se no Parque Cal Anderson, em Seattle, no último sábado (24), para um culto público organizado pelo evangelista Ross Johnston, o qual foi alvo de intolerância por parte de ativistas LGBT.
Isso porque o evento, intitulado “Protejam Nossas Crianças”, teve como foco orações contra o que os organizadores chamaram de “doutrinação LGBT em menores” e incluiu pregações, cantos religiosos e discursos pela “preservação da identidade dada por Deus”.
O parque, localizado no bairro de Capitol Hill — área conhecida por concentrar estabelecimentos e moradores LGBT —, tornou-se palco de confrontos entre fiéis e cerca de 300 manifestantes progressistas.
A polícia de Seattle relatou o uso de spray de pimenta, gás lacrimogêneo e “balas explosivas” (munições não letais) para conter ativistas que, segundo autoridades, atiraram garrafas de água e outros objetos contra agentes.
Trinta pessoas foram detidas, e dois policiais ficaram feridos. Em comunicado no X (antigo Twitter), o departamento afirmou: “Prisões adicionais ocorrerão à medida que pudermos remover com segurança indivíduos da multidão”.
Os protestos
Enquanto os cristãos entoavam hinos como “Seattle Pertence a Jesus”, manifestantes LGBT ergueram cartazes com frases como “Ross Johnston é Perigoso Perto de Crianças” e “Parem de Odiar”.
Bandeeiras transgênero e gritos de “Vá para casa, fascistas!” marcaram a resposta ao evento. Folake Kellogg, porta-voz do Mayday USA, rebateu: “Não somos nós que jogamos objetos. Estamos aqui para amar Jesus”.
Ross Johnston, evangelista de 32 anos e cofundador do movimento “California Will Be Saved”, postou em seu Instagram:
“Não recuamos. Continuamos enquanto centenas de Antifa apareceram […] A igreja está viva! Chega de cristãos fracos”. Ele também criticou a prefeitura, que classificou o evento como “provocação de extrema direita”. O prefeito Bruce Harrell emitiu nota afirmando que o comício “promove crenças opostas aos valores de Seattle”.
Contexto
Nascido por inseminação artificial e criado por um casal de lésbicas, Johnston converteu-se aos 15 anos em um culto evangélico. Em entrevistas anteriores, declarou que seu objetivo é “combater a ideologia LGBT” e “proteger crianças de agendas sexuais”, usando sua história pessoal como argumento. “
“Cresci sem referência paterna. Sei o dano que a falta de Deus causa”, disse ele em 2022 ao podcast Revive Nation.
O Mayday USA é parte de uma turnê nacional que já passou por 12 cidades desde março, defendendo leis estaduais que restringem discussões sobre gênero em escolas — como a Florida Parental Rights in Education Act, apelidada de “Don’t Say Gay”.
Repercussão
O confronto reacendeu discussões sobre liberdade religiosa versus direitos LGBT. Enquanto grupos conservadores celebraram a “resistência cristã”, organizações como a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) criticaram a “retórica anti-inclusiva”. Não houve registro de feridos entre os fiéis.
O Conselho Municipal LGBT+ de Seattle anunciou que processará a prefeitura por “falha em proteger a comunidade” durante os protestos. Já Johnston afirmou que novos eventos estão planejados para julho, incluindo uma marcha em Los Angeles.