A cristã Meriam Ibrahim vem protagonizando uma história complexa e surpreendente, com sequentes prisões indevidas. A sudanesa foi presa novamente na última terça-feira, 24 de junho, junto com seu marido, Daniel Wani, no aeroporto internacional da capital do Sudão, Cartum, quando tentava sair do país.
De acordo com informações da Missão Portas Abertas, Meriam e Daniel foram detidos sem maiores explicações pelas autoridades do país. Um dia antes, ela havia sido solta pelo governo após a Corte de Apelações do Sudão anular a sentença de morte por enforcamento.
Meriam havia sido condenada à morte por apostasia ao islamismo depois que se casou com Daniel Wani, que é cristão. Em sua defesa, Meriam disse que apenas seu pai era muçulmano, mas ela havia sido criada com princípios cristãos, portanto, não poderia ser condenada por abandonar o islamismo já que nunca o havia praticado.
Os argumentos de Meriam e seus advogados não foram aceitos pelo poder judiciário do Sudão, que é regido pela lei islâmica sharia, e além da condenação à morte por ter “abandonado” a fé muçulmana, a cristã – que estava grávida à época da sentença – também foi condenada a 100 chibatadas por adultério, já que seu casamento com um cristão não era reconhecido pela lei.
A repercussão internacional do caso fez com que diversos países pressionassem o governo sudanês por respeito à liberdade religiosa. O resultado da pressão internacional foi a anulação da sentença de morte e sua libertação na última segunda-feira, 23 de junho.
Meriam e seu marido, Daniel, foram detidos no aeroporto por aproximadamente 40 agentes, porém, o governo decidiu liberá-los na sequência, após a notícia da prisão se espalhar rapidamente.
A porta-voz do Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos se pronunciou sobre o caso e disse que o governo sudanês alegou que a detenção do casal foi apenas por questões burocráticas: “Eles ficaram presos temporariamente por algumas horas por causa de questionamentos acerca de sua documentação. O governo do Sudão afirmou aos Estados Unidos que Meriam e seu marido estavam a salvo”, disse Marie Harf.
No entanto, um membro da International Christian Concern (ICC) entrou em contato com um advogado de defesa do casal e obteve a informação de que, no momento da prisão, Meriam e Daniel haviam sido informados que estavam sendo detidos por uma questão de segurança nacional. O fato de o casal ter um visto para os Estados Unidos poderia ter atraído a atenção das autoridades, de acordo com informações do Charisma News.
Oficialmente, Abdullahi Alzareg, funcionário do Ministério de Relações Exteriores, informou à BBC que o casal foi detido porque Meriam portava documentos de emergência do Sudão do Sul com um visto americano. Já pessoas próximas afirmam que o casal foi acusado de fraude e só foi libertado após um amigo pagar a fiança, porém estariam agora proibidos de deixar o país.