Um atentado a bomba ocorrido no sábado, 18 de maio, destruiu grande parte de uma clínica de fertilidade no sul da Califórnia, feriu quatro pessoas e resultou na morte do criminoso, um ativista radical, segundo autoridades federais. O FBI informou que o ataque está sendo tratado como um ato intencional de terrorismo.
O autor do atentado foi identificado como Guy Edward Bartkus, de 25 anos, residente de Twentynine Palms, na Califórnia. De acordo com as autoridades, Bartkus conduzia um carro-bomba que explodiu ao atingir os American Reproductive Centers, uma clínica especializada em fertilização in vitro. O impacto da explosão estilhaçou janelas de prédios próximos e causou danos extensos à unidade médica. A clínica estava fechada no momento do ataque, o que, segundo o FBI, evitou uma tragédia maior.
“Este foi um ataque direcionado contra a unidade de fertilização in vitro”, afirmou Akil Davis, responsável pelo escritório do FBI em Los Angeles: “Não se enganem: estamos tratando isso, como eu disse ontem, como um ato intencional de terrorismo”.
A explosão, descrita por um alto funcionário do FBI à Associated Press como possivelmente “a maior cena de atentado a bomba que já tivemos no sul da Califórnia”, deixou quatro feridos, mas não houve outras mortes além do próprio autor.
Em uma declaração oficial publicada no Facebook, os American Reproductive Centers informaram que “todos os óvulos, embriões e materiais reprodutivos” estão seguros e intactos. “Nossa missão sempre foi ajudar a construir famílias e, em momentos como estes, somos lembrados de quão frágil e preciosa a vida é”, diz a nota da clínica.
O jornal Los Angeles Times reportou que um site supostamente vinculado ao autor do ataque havia prometido uma “guerra contra os pró-vida” e mencionava explicitamente o desejo de atacar uma clínica de fertilidade. O conteúdo do site promovia filosofias marginais como o veganismo abolicionista, que rejeita qualquer uso de produtos de origem animal, e o utilitarismo negativo, uma vertente filosófica que considera a redução do sofrimento como o maior bem moral.
“Basicamente, sou um pró-mortalista”, dizia uma das mensagens do site, referindo-se a uma ideologia que vê a morte como uma forma de aliviar o sofrimento da existência. Em outra passagem, o autor afirma que seu objetivo era “esterilizar este planeta da doença da vida”, segundo o Times.
Para Brian Levin, professor emérito da Universidade Estadual da Califórnia em San Bernardino e fundador do Centro de Estudos de Ódio e Extremismo, a internet tem desempenhado um papel decisivo na radicalização de indivíduos. “Hoje, temos basicamente um ecossistema do tipo faça-você-mesmo, onde pessoas sozinhas podem se envolver em condutas que antes pendia mais para grupos e pequenas células”, disse Levin ao Los Angeles Times. “Há todo um caldeirão que envolve radicalização, desinformação e legitimação da violência como método dentro desse conjunto de queixas, e é isso que temos”.
Levin acrescentou que a combinação entre o acesso a conteúdo técnico, redes sociais e ambientes digitais que incentivam a raiva cria um cenário perigoso. “A Califórnia viu todos os tipos de aspectos disso”, afirmou.
As investigações sobre o atentado seguem em andamento, com foco em entender a motivação completa do autor e possíveis conexões com grupos extremistas ou fóruns digitais que propaguem ideologias similares, de acordo com informações do CrossWalk.