Um grupo de cristãos que se define como ex-LGBT por terem abandonado comportamentos homossexuais ou transgêneros se reuniu na quinta-feira, 13 de junho, nas escadarias do Capitólio estadual em Sacramento, Califórnia.
O encontro marcou o encerramento do evento “Speak Out”, promovido pelo CHANGED Movement em parceria com o Conselho Familiar da Califórnia, com o objetivo de dar visibilidade a pessoas que desejam deixar a identidade LGBT para trás e relatar experiências de mudança de vida por meio da fé cristã.
“Espero que este evento consiga combater a crença de que as pessoas não mudam”, declarou Elizabeth Woning, organizadora do evento e diretora de advocacia e assuntos governamentais do CHANGED, em entrevista ao The Christian Post.
O evento durou dois dias e incluiu testemunhos públicos de participantes que, segundo eles, abandonaram práticas LGBT após experiências de fé. Vários relataram mudanças profundas após se voltarem a Deus, descrevendo sentimentos de dor, confusão e depressão em suas trajetórias anteriores.
Reação à cultura e à legislação
O CHANGED Movement, fundado em 2018 por Elizabeth Woning e Ken Williams, pastor licenciado da Igreja Bethel em Redding, se define como “uma crescente rede internacional de pessoas que deixaram a identidade LGBTQ para trás”. A reunião também marcou o sétimo aniversário da mobilização do grupo contra o projeto de lei estadual AB 2943, apresentado naquele mesmo ano pelo Caucus Legislativo LGBTQ da Califórnia.
A proposta previa classificar como fraude ao consumidor os serviços que buscassem modificar comportamentos sexuais ou expressões de gênero, inclusive entre adultos que procurassem esse tipo de apoio. O projeto foi retirado da pauta legislativa em 2018, após pressão de grupos religiosos e manifestações públicas, como a organizada pelo CHANGED.
Segundo Woning, a proposta violava a liberdade de expressão e a liberdade religiosa, pois poderia proibir até a venda de livros que não apoiassem a ideologia LGBT, incluindo a Bíblia. “O evento deste ano foi uma forma de lembrar os esforços da Califórnia contra a censura”, afirmou.
Atualmente, leis semelhantes estão em vigor em outras regiões. No Canadá, por exemplo, conselheiros que oferecem apoio contrário à homossexualidade ou à identidade transgênero podem enfrentar penas de até cinco anos de prisão.
Nos Estados Unidos, a chamada “terapia de conversão” é proibida para menores em 23 estados e no Distrito de Columbia. Em 2020, o relator independente da ONU sobre orientação sexual e identidade de gênero, Victor Madrigal-Borloz, defendeu sua proibição global, e as Nações Unidas classificaram a prática como comparável à tortura.
Testemunhos públicos
Durante o evento, diversos participantes relataram experiências pessoais. Ivan Santos afirmou que sua entrada no estilo de vida homossexual ocorreu após abandonar a fé cristã na juventude. Segundo ele, a sensação de liberdade inicial foi substituída por depressão, uso de drogas e envolvimento com prostituição. Ele contou que buscou ajuda espiritual após um momento de desespero.
“Eu achava que estava vivendo uma vida plena, mas ainda estava muito quebrado e deprimido”, disse. “Quando ofereci minha sexualidade a Deus, comecei a perceber que aquilo que eu considerava parte da minha identidade estava enraizado na luxúria. E isso começou a mudar”.
Cecil Jackman, outro participante, relatou que foi vítima de abusos sexuais na infância e sofreu rejeição por parte do pai. Segundo ele, isso o levou a desejar ser menina como forma de escapar da dor. “Eu estava dividido entre dois mundos. Eu amava Jesus, mas me sentia atraído por homens”, declarou. Após tentar o suicídio, disse ter buscado ajuda em oração e passou a crer que Deus o amava.
Jackman, que hoje é casado e tem três filhos, citou Hebreus 12:2 ao afirmar que encontrou cura ao entender que Cristo assumiu sua vergonha. “Quando descobri que podia confiar em Deus, minha cura acelerou drasticamente”, relatou.
Fé e liberdade de expressão
O cofundador do CHANGED, Ken Williams, disse que enfrentou pensamentos suicidas aos 17 anos, mas encontrou apoio em aconselhamento cristão. De acordo com ele, esse tipo de apoio hoje seria considerado ilegal na Califórnia. “Naquela época, era legal obter ajuda alinhada às minhas convicções religiosas”, afirmou.
Williams destacou que, embora tenha sofrido, reconhece hoje o valor de sua jornada. “Deus conquistou minha atenção profundamente. Ele me encontrou e caminhou comigo de perto”, declarou. Ao se dirigir a pessoas que hoje enfrentam confusão ou desespero, afirmou: “Eu lhes diria: ‘Este é apenas um dia na sua vida. Jesus oferece uma nova vida às pessoas’”.
O CHANGED Movement afirma que continuará promovendo encontros semelhantes em defesa da liberdade de expressão e da possibilidade de mudança voluntária para aqueles que assim desejarem.