A Igreja Universal do Reino de Deus vem se dedicando a levar lideranças evangélicas ao Templo de Salomão, num esforço de criar pontes de diálogo com as demais denominações. O mais recente convidado foi o pastor Silas Malafaia, que à época da inauguração, teceu críticas à iniciativa do bispo Edir Macedo.
Na última segunda-feira, 26 de agosto, Malafaia esteve em São Paulo por ocasião da inauguração da nova sede da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) na capital paulista. O pastor aproveitou a ocasião e fez um tour pelo megatemplo da Universal, que é uma réplica superdimensionada do Templo erguido pelo rei Salomão, em Jerusalém.
Ao lado da esposa, Elizete, e do pastor Gidalti Alencar e sua esposa, Deyse Alencar, Malafaia foi recebido pelo bispo Eduardo Bravo, responsável pelas relações institucionais da Universal com as demais denominações e presidente da Unigrejas (União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos).
De acordo com informações do site oficial da Universal, Malafaia declarou não ter problemas em reconhecer as obras que são feitas para Deus: “É uma obra espetacular e magnífica. Tenho prazer em reconhecer o que Deus faz, através dos seus servos. Eu vibro com as coisas que são feitas para a Glória de Deus”.
O pastor da ADVEC disse ainda que Deus usa quem Ele desejar: “Não tenho inveja nem ciúme daquilo que Deus faz na vida de pessoas, porque é Deus. O Reino é dEle, Ele usa quem Ele quiser”, acrescentou.
Diplomático, Eduardo Bravo ignorou as críticas feitas ao bispo Macedo e ao Templo de Salomão por Malafaia no passado: “Nós também reconhecemos o pastor Silas Malafaia como uma autoridade espiritual muito importante em nosso País”, disse.
“Judaizante”
Em julho de 2014, por ocasião da inauguração do Templo de Salomão, Silas Malafaia concedeu entrevistas comentando o evento e teceu críticas à iniciativa multimilionária de Edir Macedo. A obra consumiu aproximadamente R$ 685 milhões à época.
“Não fui convidado. E, mesmo se fosse, não iria”, disse Malafaia à revista Veja SP, acrescentando que sua queixa não era com a obra em si: “Acho bacana fazer um templo bonito, isso eu aplaudo. Mas o Edir Macedo quer dar uma conotação de que esse templo está acima de todos os outros. Isso não é verdade”.
“Macedo fez um vídeo para explicar como as pessoas devem entrar no templo, a roupa mais apropriada e essas coisas. Ele próprio tem usado uma estola para entrar lá dentro, e também uma quipá. Isso se trata de uma estratégia para dar uma aura de que ali é um lugar muito especial e único. A verdade é que ele quer fazer do Templo de Salomão a Meca da Igreja Universal. O lugar vai se tornar um ponto de peregrinação, assim como os católicos fazem na Basílica de Aparecida”, contextualizou o pastor Malafaia.
Quando foi questionado se as escolhas da Universal para a obra eram condenáveis, respondeu: “Macedo trouxe pedras de Israel para as pessoas tocaram e orarem. Ele poderia ter trazido pedras do raio que o parta. Isso não faz nenhuma diferença. Por favor, não vamos entrar nessa de que esse templo é um lugar transcendental. Essa conotação é herética, não existe local acima dos outros”.
“[Templos] cumprem a função de reunir os fiéis e fortalecer a fé. A Bíblia diz que Deus habita o corpo, Deus está no povo. Nós é que somos o templo de Deus. O Macedo só é evangélico quando está com dor de barriga, ele não tem comunhão com outras igrejas e a Universal é isolada do seio da comunidade”, conceituou.
Numa entrevista ao portal Terra, Malafaia afirmou também que a iniciativa da Igreja Universal ao vincular o cristianismo ao Antigo Testamento era “judaizante”.
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