A Justiça de São Paulo determinou o arquivamento do inquérito policial que investigava membros do conselho deliberativo da Igreja Bola de Neve por suspeitas de desvio de dinheiro e fraudes administrativas. As acusações haviam sido feitas pela pastora Denise Seixas, viúva do fundador da instituição, o apóstolo Rinaldo Pereira Seixas, conhecido como Rina, falecido em 05 de novembro de 2024 após um acidente de moto.
A decisão foi proferida em 24 de junho pelo juiz Tobias Guimarães Ferreira, do Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária (Dipo), vinculado ao Fórum Criminal da Barra Funda. O magistrado acolheu o parecer do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que já havia recomendado o arquivamento do caso em 12 de junho, com base nas conclusões da Polícia Civil.
Segundo o relatório final da investigação, concluído em 05 de junho, não foram identificados indícios de irregularidades ou prejuízos financeiros causados à igreja. O diretor financeiro da instituição, Everton Cesar Ribeiro, também era investigado por supostas irregularidades na gestão, incluindo a contratação de empresa com participação de familiares.
No parecer do MPSP, o promotor Cláudio Cavallini argumentou que “a circunstância de o investigado [Everton Ribeiro] ocupar a função de diretor financeiro e de contratar empresa que é sócio ou são sócios seus parentes, por si só, não implica ocorrência de crime”. O promotor acrescentou que eventuais divergências sobre a condução financeira da entidade devem ser discutidas internamente, ou, se for o caso, levadas à esfera cível.
As denúncias haviam sido apresentadas por Denise Seixas, que disputava judicialmente o comando da igreja após a morte do marido. A pastora, que também atua como cantora gospel, acusou o conselho deliberativo de desviar recursos e cometeu o que classificou como “fraude na gestão da igreja”. Em documentos encaminhados ao MPSP, ela apontava que a suposta atuação indevida de membros do colegiado poderia gerar “prejuízos irreparáveis de ordem material e/ou moral, principalmente com relação à sua credibilidade pública”.
Embora Denise tenha recuado das acusações e desistido formalmente do processo, a polícia seguiu com a investigação. Em janeiro, a Justiça chegou a reconhecê-la como presidente interina da igreja. No entanto, ela renunciou ao cargo em 13 de fevereiro, após firmar acordo com dirigentes da instituição.
Em nota, a Igreja Bola de Neve afirmou que recebeu com satisfação o arquivamento do inquérito: “Reitera o compromisso com a transparência, a legalidade e a lisura da própria gestão, cujas contas da igreja sempre foram avaliadas por auditorias independentes”, destacou o comunicado oficial.
De acordo com o Metrópoles, o advogado da instituição, Aristides Zacarelli Neto, declarou: “A decisão judicial corrobora, de maneira inequívoca, que a Igreja Bola de Neve e seus diretores sempre atuaram de acordo com a legalidade e dentro dos princípios éticos cristãos, em benefício de seus milhões de fiéis e simpatizantes”.
A Igreja Bola de Neve possui mais de 500 templos espalhados pelo Brasil e arrecada cerca de R$ 250 milhões anualmente, segundo dados apresentados no processo.