A Justiça do Pará determinou a desocupação de um templo da Igreja Mundial do Poder de Deus, localizado no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, devido ao não pagamento de aluguel.
A decisão foi assinada pela juíza Vanessa Ramos Couto, da 1ª Vara Cível de Belém, no fim de abril. A intimação foi enviada à igreja em 15 de maio, com prazo de 15 dias para cumprimento, encerrado na sexta-feira, 30 de maio. A execução do despejo deverá ser conduzida agora pela Justiça de São Paulo.
O imóvel em questão possui 46 mil m² e era originalmente propriedade da Igreja Mundial, fundada pelo apóstolo Valdemiro Santiago. Em 2022, o prédio foi transferido à empresa SM Comunicações, com sede em Belém, como forma de quitar dívidas. A empresa repassou o imóvel à V R de Miranda Participações, também sediada na capital paraense. A partir disso, foi firmado um contrato de locação no valor de R$ 600 mil mensais.
De acordo com os autos do processo, a igreja deixou de cumprir o pagamento do aluguel, acumulando uma dívida de R$ 4,1 milhões. A defesa da instituição religiosa alegou que a transferência do imóvel teria ocorrido de maneira ilegal, sob pressão, e que os dirigentes teriam assinado o contrato em circunstâncias desfavoráveis.
Em sua argumentação para evitar o despejo, a Igreja Mundial informou que o templo tem capacidade para receber até 20 mil fiéis e que abriga também 15 famílias de pastores. O processo enfrentou impasses desde 2024, com duas suspensões decididas pela juíza Josineide Medeiros, também do Pará. As empresas credoras questionaram a conduta da magistrada e apresentaram denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), alegando suspeição.
Em março de 2025, o Tribunal de Justiça do Pará derrubou as suspensões e validou o pedido das credoras. A decisão apontou que a permanência da igreja no local, sem pagamento de aluguel, configura “enriquecimento ilícito”.
Além deste caso, a Igreja Mundial do Poder de Deus enfrenta outros processos judiciais. Em São Paulo, há mais de 680 ações de cobrança, em sua maioria relacionadas a inadimplência de aluguéis. A instituição também possui uma dívida ativa com a União no valor de R$ 366 milhões, conforme registros públicos. Até o momento, a igreja não se pronunciou oficialmente sobre as recentes decisões judiciais, de acordo com informações do Uol.