Durante visita oficial à França, Lula (PT) voltou a fazer críticas diretas ao governo de Israel e classificou as ações militares israelenses na Faixa de Gaza como um “genocídio premeditado”. As declarações foram feitas na terça-feira, 04 de junho, durante entrevista coletiva ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, em Paris.
“Não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe, e sim um genocídio premeditado de um governante de extrema-direita, que está fazendo uma guerra contra os interesses do seu próprio povo, porque ao povo judeu também não interessa essa guerra”, afirmou Lula, em referência ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
As declarações reforçam uma série de críticas feitas por Lula desde o início do conflito entre Israel e o grupo Hamas, intensificado em outubro de 2023. Na ocasião, ataques terroristas do Hamas contra civis israelenses deixaram cerca de 1.200 mortos. Em resposta, o governo de Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, que, segundo autoridades locais palestinas, já deixou mais de 35 mil mortos, incluindo civis.
O tom adotado por Lula tem gerado reações negativas entre lideranças evangélicas brasileiras, tradicionalmente alinhadas à defesa do Estado de Israel. Um dos críticos é o pastor Luiz Sayão, considerado um dos principais hebraístas do país, que já havia se manifestado contra declarações semelhantes feitas pelo petista, quando Lula também usou o termo “genocídio” ao comentar o conflito.
Ainda durante o encontro com Macron, Lula reiterou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), pauta recorrente em seus discursos desde os primeiros mandatos presidenciais, iniciados em 2003.
“A ONU de hoje não pode ser a ONU de 1945. Tem que ter o continente africano participando, o continente sul-americano participando. Tem que ter países importantes, como Alemanha e Japão. Por que a Índia está fora? A mesma ONU que teve autoridade para criar o Estado de Israel tem que ter autoridade para preservar a área demarcada em 1967. É o mínimo de bom senso que podemos exigir como humanistas”, declarou o presidente.
Lula também defendeu a criação de um Estado palestino com base em negociações com Israel. Segundo ele, os palestinos “não podem ser tratados como cidadãos de segunda ou terceira categoria”.
“Aquele é um território que um povo conquistou, depois de muito sacrifício. Vamos garantir que eles construam, em harmonia com o Estado de Israel, o direito de viver, é apenas isso”, concluiu, conforme publicado pela Agência Estado.
As falas do presidente ocorrem em meio a crescente tensão diplomática entre o Brasil e Israel. Em fevereiro, após declarações similares, o governo israelense declarou Lula como “persona non grata”, o que levou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro a convocar o embaixador em Tel Aviv para consultas. Até o momento, não há sinal de reaproximação entre os dois países.