A série de ações do presidente Donald Trump em contrariedade ao conceito do discurso “politicamente correto” ganhou mais um capítulo na última semana, com a proibição aos funcionários do Departamento de Saúde dos Estados Unidos do uso da palavra transgênero.
A determinação atinge também os funcionários do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC, na sigla em inglês, e abrange outros seis termos: vulnerável, direito, diversidade, feto, “baseado em evidência” e “baseado na ciência”.
A informação foi revelada pelo jornal The Washington Post na última sexta-feira, 15 de dezembro, após uma reunião com os principais diretores do órgão público. A determinação incomodou parte dos servidores, que reagiram de forma incrédula, segundo um analista que aceitou conceder entrevista sob condição de anonimato.
Mesmo com todo alarde da grande mídia norte-americana – e a repercussão no Brasil em veículos como G1 e iG – o porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, entidade ligada aos CDCs, disse ao Washington Post que o Departamento de Saúde “continuará a usar a melhor evidência científica disponível para melhorar a saúde de todos os americanos”.
A determinação do fim do uso dos termos em questão, no entanto, não interrompe as pesquisas nas áreas de sexualidade, e muito menos, significa o fim do atendimento médico a pacientes que sofram de disforia de gênero ou sejam portadores de doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, por exemplo.
A ativista Gabrielle Bellot produziu um artigo para o portal Them, voltado ao público LGBT, criticando a medida: “A linguagem molda nosso mapa do mundo. Se o transgênero deixar de existir como termo em documentos oficiais do governo, nós também começamos a desaparecer. É mais fácil para um administrador cisgênero, que talvez esperemos ter como aliado, esquecer nossas preocupações quando o governo exige que nós esqueçamos”, protestou.