Mais de mil pessoas morreram e cerca de duas mil ficaram feridas após um terremoto em Mianmar com grande intensidade ocorrer na sexta-feira, 28 de março.
A junta militar, que governa Mianmar desde o golpe de 2021, declarou estado de emergência e fez um apelo formal por ajuda internacional.
A infraestrutura foi amplamente comprometida. Segundo relatos locais, hospitais, templos, igrejas, estradas, aeroportos e prédios residenciais sofreram colapsos. Diversas regiões permanecem sem energia elétrica e água potável, com falhas no abastecimento e nas comunicações.
Colapso do sistema de saúde
Com os hospitais danificados ou sobrecarregados, feridos estão sendo tratados em estruturas improvisadas à beira de estradas. O blecaute generalizado e os cortes de energia agravaram as condições nas áreas atingidas.
“Não há eletricidade e o abastecimento de água não está funcionando. Está se tornando um desafio até mesmo ir ao banheiro. Não sabemos quando a eletricidade será restaurada. Até as conexões de Wi-Fi são instáveis”, relatou um morador da região de Sagaing, uma das mais afetadas.
Segundo ele, apenas um provedor de telefonia opera no momento e os chips de celular estão sendo vendidos a preços até 20 vezes maiores que o normal.
População isolada e dificuldades para retornar
Em diversas localidades, estradas danificadas impedem a movimentação das pessoas, que permanecem isoladas. O transporte público foi suspenso e muitas famílias não conseguem retornar para suas casas.
“Minha esposa e eu ficamos em um hotel. Continuamos a sentir tremores secundários na noite passada e podíamos sentir o hotel tremendo. Não conseguimos dormir por causa do trauma”, contou um casal que estava em viagem no momento do terremoto.
Cristãos relatam perdas e acolhimento
Mianmar ocupa o 13º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada por entidades cristãs, que monitora os países onde os cristãos enfrentam maiores restrições de fé.
Em meio ao desastre, pastores e líderes cristãos relataram perdas estruturais e ferimentos entre membros das comunidades locais. O pastor Caleb (nome fictício por razões de segurança) relatou que seu prédio, localizado no centro do país, teve danos graves após os tremores.
“O impacto foi tão devastador que as paredes racharam. O teto da sala de oração desabou, e os móveis ficaram quebrados. A perna de um jovem foi gravemente ferida enquanto tentava escapar”, informou o pastor à Missão Portas Abertas.
Outra moradora, Daw Sun (nome alterado), viúva de um pastor, contou que fugiu às pressas com os filhos: “Senti os tremores e corri para fora junto a meus filhos em pânico. Vimos nossa casa desmoronar. Apenas assistimos, impotentes. Temos medo de entrar em casa agora”.
Durante a noite, milhares de pessoas dormiram nas ruas ou em locais improvisados, sem acesso à eletricidade e sob ameaça de tremores secundários. Segundo sobreviventes, as orações e o apoio de igrejas ao redor do mundo têm sido uma fonte de encorajamento. “Sentimos conforto e que não estamos sozinhos”, relataram.