Agam Berger, ex-refém do Hamas, foi libertada recentemente após mais de dois meses de cativeiro. Sua libertação fez parte da terceira rodada do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, realizada há duas semanas.
Em uma conversa com Rebbetzin Tzili Schneider, presidente da Kesher Yehudi, e o jornalista Shneor Webber, Agam compartilhou detalhes emocionantes sobre sua experiência e a força que encontrou na fé judaica durante o período angustiante em Gaza.
Aos 20 anos, Agam foi sequestrada durante o ataque de 7 de outubro. Em entrevista exclusiva ao Guiame, seu pai, Shlomi Berger, relembrou os dias de aflição vividos enquanto aguardava a libertação da filha.
Em sua narração, Agam revelou que, apesar das condições desumanas, os sequestradores forneceram a ela e aos outros reféns itens inesperados, incluindo um livro de orações judaico, um sidur, o que para ela teve um significado profundo e inesperado.
“Não sabemos como isso aconteceu, mas eles nos entregaram os livros de orações”, contou Agam. “Eles nos mostraram e disseram: ‘Peguem.’ Nós os usávamos constantemente. Isso nos dava força.” Ela destacou que a entrega do sidur ocorreu em um momento crucial, quando a esperança parecia escassa.
Além do livro de orações, outros itens pessoais foram encontrados, incluindo etiquetas de identificação de cães militares. Porém, Agam enfatizou que a chegada do sidur foi especialmente significativa, marcando um ponto de conexão com sua fé. “Não foi aleatório”, afirmou com convicção. “Chegou exatamente quando mais precisávamos.”
Fé em tempos de adversidade
Apesar das adversidades extremas, Agam e os outros reféns se empenharam em observar os feriados e as práticas do calendário judaico sempre que possível. Embora não fosse possível celebrar todos os feriados, ela recordou com orgulho como conseguiu, durante a Páscoa, evitar comer pão fermentado, utilizando farinha de milho, já que era o que havia disponível.
“Perdemos o Hanukkah, mas durante a Páscoa, consegui evitar comer pão fermentado”, relatou. “Os captores não se importaram com isso.” Ela também mencionou que, apesar do ódio dos sequestradores pelos judeus, havia uma espécie de respeito pela religiosidade, sendo considerada preferível ter fé a não ter nenhuma.
Em um dos momentos mais marcantes de seu cativeiro, Agam lembrou com emoção o Yom Kippur, quando conseguiu jejuar e orar. “Lembro-me de orar muito naquele dia”, disse. “Era algo que eu sentia que tinha que fazer, especialmente dadas as nossas circunstâncias.”
Separação e incerteza
Durante grande parte de seu cativeiro, Agam foi mantida junto à colega Liri Albag, e ocasionalmente com outras mulheres. No entanto, houve momentos de separação que tornaram a situação ainda mais desafiadora. A véspera da libertação de Albag foi particularmente difícil, pois Agam não soubera por dois dias sobre o destino da amiga.
“Foi um momento avassalador. Eu sabia que seria libertada, mas não tive certeza até o último segundo”, recordou. Quando finalmente foi informada de sua iminente libertação, perguntou sobre os outros reféns, e lhe foi dito: “Seus amigos já estão em casa.”
Nos últimos dias de seu cativeiro, Agam e outra refém, Arbel Yehoud, foram as últimas mulheres a permanecer juntas. “Sabíamos que Shiri Bibas estava em uma situação diferente”, disse Agam, destacando a incerteza sobre o estado de outros reféns, mas com a esperança de que todos seriam libertados.
Gratidão
Ao refletir sobre sua experiência, Agam expressou uma profunda gratidão pela fé que a sustentou. “Não sei como teria sobrevivido sem minha fé”, afirmou. “No final, foi isso que me deu esperança.”
Rebbetzin Tzili Schneider, que esteve ao lado da família de Agam durante todo o processo, também comentou sobre a dedicação inabalável de Agam à sua fé em condições tão extremas, reconhecendo que sua atitude foi um exemplo inspirador para todo o povo judeu.
“Ela santificou o nome de Deus em público e inspirou todo o povo judeu”, disse Schneider, segundo o Guiame, destacando a coragem e a força de Agam frente ao sofrimento indescritível.