O conservador Karol Nawrocki foi eleito presidente da Polônia neste domingo, 1° de junho, ao vencer o segundo turno das eleições presidenciais com 50,89% dos votos, segundo dados oficiais divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional após a apuração de 100% das urnas. Seu adversário, o liberal Rafal Trzaskowski, prefeito de Varsóvia e apoiado pela coalizão do primeiro-ministro Donald Tusk, obteve 49,11%.
Ao todo, Nawrocki recebeu 10.606.682 votos, enquanto Trzaskowski teve 10.237.177, resultando em uma diferença de 1,78% entre os dois candidatos. Esta foi a segunda derrota de Trzaskowski em uma eleição presidencial: em 2020, ele perdeu por 2,06% para o atual presidente Andrzej Duda, que encerra seu segundo mandato em agosto.
Perfil do novo presidente
Karol Nawrocki, de 42 anos, é ex-boxeador e ingressou recentemente na política com um discurso marcado pelo euroceticismo. Durante a campanha, adotou posições mais duras em temas como imigração, mostrou proximidade com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e demonstrou cautela em relação à integração da Ucrânia à OTAN. Ele foi apoiado pelo partido conservador Lei e Justiça (PiS), atualmente na oposição.
O jornalista Paulo Figueiredo Filho, em postagem na rede X, comentou que Nawrocki venceu apesar de enfrentar um cenário adverso: “Apesar de toda parcialidade do judiciário, da influência globalista (com direito a dinheiro de Soros, Clinton e Obama), da perseguição política que chegou a botar até padre na cadeia, o candidato da direita Nawrocki foi eleito presidente da Polônia com 50,9% dos votos. É uma das eleições mais importantes da Europa”, escreveu Figueiredo.
Tensão na apuração
O processo de apuração foi marcado por incertezas e reivindicações de vitória por ambos os lados. Pesquisas de boca de urna inicialmente apontavam uma vantagem mínima para Trzaskowski, mas horas depois, um levantamento mais completo confirmou a vitória de Nawrocki.
O candidato conservador concentrou seus votos principalmente em regiões rurais e povoados, ao passo que Trzaskowski obteve maior apoio nas áreas urbanas, incluindo Varsóvia. A disputa lembrou a eleição de 1995, quando Aleksander Kwaśniewski superou Lech Wałęsa após resultado preliminar desfavorável.
A participação eleitoral atingiu 71,63%, a maior já registrada em uma eleição presidencial na Polônia.
Repercussão política
O resultado representa um revés significativo para a coalizão governista de Donald Tusk, que havia admitido após o primeiro turno que o governo enfrentava um momento de alerta. Apesar disso, Tusk havia expressado confiança em uma vitória liberal no segundo turno.
Caso Trzaskowski fosse eleito, a expectativa era de avanços em pautas como a legalização do aborto, o reconhecimento de uniões civis e a reversão de reformas judiciais promovidas pelo PiS. Com a vitória de Nawrocki, analistas apontam para uma continuidade das políticas conservadoras implementadas por Duda, incluindo o uso do poder de veto presidencial para barrar iniciativas legislativas do governo.
Na manhã de segunda-feira, Andrzej Duda se pronunciou agradecendo aos eleitores, parabenizou Nawrocki e declarou: “Mantenha-se forte, Polônia!”.
Atribuições presidenciais
Na Polônia, o presidente possui poderes significativos, incluindo o veto a legislações aprovadas pelo Parlamento, a indicação de embaixadores, o comando das Forças Armadas e a possibilidade de encaminhar leis ao Tribunal Constitucional, cuja maioria atual é formada por juízes indicados por legislaturas dominadas pelo PiS.