O Centro de Pesquisa Cultural da Universidade Cristã do Arizona divulgou, em 15 de maio, a edição de 2025 do Inventário de Visão de Mundo Americana, revelando que a maioria dos adultos nos Estados Unidos rejeita a existência de uma verdade moral absoluta.
A pesquisa, realizada em janeiro com 2.100 participantes, analisou as percepções da população sobre moralidade e verdade, destacando diferenças entre grupos religiosos e não religiosos.
Segundo os dados, 67% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que “um ser humano maduro aceita diferentes visões de verdade como tão válidas quanto as suas próprias”. Entre os que mais endossaram essa ideia estão os não cristãos (69%), pessoas sem filiação religiosa (68%) e cristãos autodeclarados (67%).
Já entre os que se identificam como cristãos renascidos teologicamente, 56% também concordaram. Apenas 31% dos chamados “discípulos integrados” — grupo definido como adultos com uma cosmovisão bíblica consistente — aprovaram essa declaração, sendo o único segmento em que a maioria manteve a crença em uma verdade moral absoluta.
A pesquisa também mostrou que 58% dos entrevistados acreditam que “pode haver múltiplas visões conflitantes sobre a verdade moral em qualquer situação, sem que ninguém esteja errado”. Essa visão foi compartilhada por 64% dos não cristãos, 61% dos não religiosos e 56% dos cristãos autodeclarados. Entre os cristãos renascidos teologicamente identificados, o índice foi de 47%, enquanto apenas 6% dos discípulos integrados concordaram.
Outro ponto abordado foi a ideia de que “as percepções da verdade moral mudam com o tempo e entre culturas, provando que não existe uma verdade moral absoluta”. Esta afirmação recebeu apoio de 45% dos participantes. A maior adesão veio de não religiosos (55%) e não cristãos (53%). Entre os cristãos autodeclarados, 41% concordaram; entre os cristãos renascidos teológicos, 28%; e apenas 6% entre os discípulos integrados.
Quanto à afirmação de que “as divergências entre religiões e filosofias sobre verdades morais provam que não há absolutos morais”, 44% do total de entrevistados concordaram. A maioria foi composta por não religiosos (54%), enquanto os índices entre os demais grupos variaram entre 14% e 43%.
A crença de que a verdade é uma “criação social” também foi analisada. Cerca de 33% dos entrevistados endossaram essa visão. Os percentuais foram mais altos entre os não cristãos (36%) e os sem religião (35%), e menores entre os cristãos autodeclarados (31%), cristãos renascidos teológicos (26%) e discípulos integrados (4%).
Em relação à moralidade de pequenas mentiras para proteção pessoal ou da reputação, 33% consideraram tal prática aceitável. Entre os grupos, a taxa foi de 42% entre não cristãos, 34% entre não religiosos, 31% entre cristãos autodeclarados, 23% entre cristãos renascidos e 4% entre discípulos integrados.
George Barna, diretor do Centro de Pesquisa Cultural e professor da Arizona Christian University, afirmou que esses dados refletem diretamente o cenário atual da sociedade americana: “É impossível separar os valores fundamentais da América — como honestidade, respeito, serviço, responsabilidade, confiabilidade — das crenças sobre a verdade moral”, declarou.
Barna também relacionou a crise de confiança entre os cidadãos à ausência de uma base moral comum. “Novos dados mostram que os americanos confiam menos uns nos outros, estão decepcionados com a falta de respeito demonstrado pelos outros, uma ênfase crescente em ser servido em vez de servir aos outros e a divisão geracional em relação ao compromisso com a responsabilidade pessoal”, observou.
Segundo ele, o abandono dos absolutos morais pode gerar “caos, confusão e desamparo”. Barna alertou para o risco de surgimento de lideranças autoritárias em contextos onde não há consenso sobre a verdade: “Na ausência de uma oposição forte, consistente, lógica e compassiva às filosofias que rejeitam absolutos morais, a gravidade cultural levará à aceitação de um salvador político autoritário ou de um poderoso grupo elitista como árbitro da verdade para as massas”.
Ele acrescentou que, embora tais líderes afirmem agir em benefício do povo, “análises objetivas indicam que, na maioria das vezes, eles simplesmente impõem seu próprio código moral absoluto sob o pretexto de zelar pelo melhor interesse das massas”.
Barna defendeu o retorno a fundamentos morais sólidos. “Essas situações nunca são um bom presságio para o público, e o pêndulo da ideologia normalmente oscila de volta para as massas, que anseiam por um retorno a absolutos morais baseados em um padrão de liberdade individual dentro de limites morais definidos, compassivos e comprovados”, declarou.
O pesquisador também mencionou o papel das igrejas nesse cenário. Para ele, comunidades de fé que deixam de ensinar sobre a confiabilidade bíblica e a natureza absoluta da verdade perdem seu propósito espiritual. “Igrejas que falham em ensinar persistentemente razões pelas quais a Bíblia é confiável, o que é verdade moral, por que ela deve ser entendida como absoluta em vez de situacional, e facilitam a responsabilização pela aplicação da verdade bíblica em nossas vidas pessoais não são igrejas com propósito e poder bíblicos, mas meros peões da cultura”, disse.
De acordo com o The Christian Post, ele concluiu afirmando que “um corpo cristão que hesita na verdade não tem credibilidade e não pode abençoar a nação como é chamado a fazer”.