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Durante uma pregação recente, o pastor Osiel Gomes compartilhou lembranças pessoais envolvendo seu pai, que também foi pastor da Assembleia de Deus, destacando episódios de racismo vivenciados por ele em seu ministério.
“Eu sou filho de pastor, eu nasci na Assembleia de Deus, eu sou assembleiano, meus irmãos”, afirmou. Ele contou que visitou o primeiro campo ministerial onde seu pai trabalhou e foi recebido por irmãs da igreja local. Segundo relatou, passou horas com elas cantando, orando e ouvindo histórias sobre a trajetória de seu pai naquele lugar. “Lá não tinha dízimo onde meu pai trabalhava, era 10 crentes, 10, 11 crentes, e aí ele ganhou essa família todinha pra Jesus, pastor preto, porque naquela época ainda tinha isso”, declarou.
O pastor mencionou que, embora haja avanços em relação ao preconceito racial, situações discriminatórias ainda persistem: “Hoje tá melhorzinho, mas ainda tem. Vocês pensam que é fácil? Não”, comentou, ao recordar um caso específico envolvendo seu pai.
De acordo com Osiel, uma mulher da igreja pediu que outro pastor celebrasse a festa de debutante da filha. Ao ser questionada por que não escolhera o pastor local, respondeu: “Eu não quero o pastor Bené pra fazer o aniversário da minha filha, porque vai ser tirada muita foto, e eu não quero a mão preta dele aparecendo”.
Apesar do episódio de discriminação, segundo Osiel, seu pai manteve a postura cristã. “O meu pai ficou triste, ficou mole, mas ele disse ‘eu sou homem de Deus’. Aí ficou trabalhando”, relatou. Ele afirmou ainda que, anos depois, a mesma família passou por dificuldades e foi acolhida por seu pai, já atuando em outra localidade. “Ele foi atrás de casa pra alugar pra eles, ajeitando, deu cargo, deu alimento, deu tudo”, relatou.
Pastor Osiel também fez menção ao pensamento racista presente na história, citando textos de figuras religiosas e intelectuais: “Se vocês pegarem a obra de Padre Vieira e de outros aí, tem muitos que defendiam que o crânio do negro era pequeno e que o negro não tinha muita inteligência e nasceu pra ser escravo. E lá na América passaram, foi tempo com isso”.
Ao concluir, o pastor mencionou a resistência e a dignidade dos que enfrentaram o preconceito racial no contexto eclesiástico. “Esses homens, meus irmãos, enfrentavam tudo isso de cabeça erguida. É pesado. Negócio pesado”, disse.