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Durante um congresso realizado na cidade de Assú, no interior do Rio Grande do Norte, o pastor Martim Alves da Silva, presidente da Assembleia de Deus no estado, declarou a proibição de manifestações corporais conhecidas como “reteté” nos cultos da denominação. A fala ocorreu diante de membros da igreja local e gerou ampla repercussão nas redes sociais e entre lideranças evangélicas.
Segundo o pastor, práticas como correr, saltar e fazer gestos durante os cultos não fazem parte da tradição pentecostal histórica e não devem ser estimuladas nos templos. Em outra ocasião, ele também proibiu os fiéis de baterem palmas. Agora, pediu que os membros se limitem a expressões verbais como “glórias e aleluias”, sem aplausos ou movimentos físicos considerados exagerados.
“Mais ou menos na década de 1970 surgiu o movimento do reteté, que dentro da Assembleia de Deus não cabe. Nós somos pentecostais! Aleluia!”, afirmou Martim Alves durante sua fala no congresso. Ele acrescentou: “Quem quiser fazer aviãozinho, quem quiser fazer outra forma de se manifestar nas suas emoções, faça dentro de casa. Da sua casa. Mas aqui no Santuário de Deus, não”.
Na mesma ocasião, o pastor relatou episódios em que considerou exageradas as expressões de fé de alguns membros: “Já estive até numa igreja aí, e fiquei observando um crente lá no meio da igreja, um jovem, fazendo polichinelo. Vocês sabem o que é isso? Polichinelo. Dizendo que isso é espiritualidade. É nada, irmãos. Isso é querer se mostrar”.
Ao final da mensagem, citou uma passagem bíblica como base para a orientação: “E conforme disse Paulo, que tudo deve ser com decência e ordem. Louvado seja Deus!”.
A declaração repercutiu imediatamente entre fiéis da Assembleia de Deus e de outras igrejas pentecostais. Nas redes sociais, internautas divergiram. Enquanto alguns apoiaram a fala do pastor, afirmando que ela resgata a reverência do culto, outros acusaram a medida de limitar a liberdade de adoração e desrespeitar a diversidade de expressões dentro do movimento pentecostal.
A polêmica se intensificou após o próprio pastor local da Assembleia de Deus em Assú, onde o evento ocorreu, demonstrar discordância. Segundo ele, os membros da igreja continuam tendo liberdade para expressar sua alegria durante os cultos.
A orientação de Martim Alves também diverge da posição adotada pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), presidida pelo pastor José Wellington Costa Junior. Em uma Assembleia Geral Ordinária, Wellington Junior afirmou: “Nós somos a Igreja do reteté, deixa os crentes pular, deixa correr”.