A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) suspendeu mais de meio milhão de dólares em financiamento previamente destinado à ONG LGBT Stonewall, no Reino Unido.
Além disso, uma alocação de US$ 40 mil para seminários sobre gênero na Escócia também foi retirada, conforme reportado por veículos britânicos. A Stonewall promoveu perseguição a cristãos que se opuseram à ideologia de gênero.
Nos últimos três anos, a Stonewall recebeu mais de £ 500 mil (aproximadamente US$ 629 mil) do Global Equality Fund (GEF), um programa do governo dos EUA que financia iniciativas voltadas a questões LGBT em diversos países. Com a retirada dos recursos, a ONG LGBT enfrenta dificuldades financeiras e pode demitir até metade de sua equipe, segundo o Times of London.
Demissões
Simon Blake, presidente-executivo da Stonewall, comunicou aos funcionários, em reunião digital, que a reestruturação da organização seria inevitável. Ele afirmou que apenas os cargos com financiamento garantido permaneceriam inalterados. As operações da instituição na Europa Oriental e no Cáucaso eram sustentadas, em parte, pelos recursos norte-americanos.
Dados financeiros da Stonewall indicam que o financiamento da USAID vinha crescendo nos últimos anos: US$ 173 mil em 2021-22, US$ 257,2 mil em 2022-23 e US$ 294.000 nas contas mais recentes. A organização também registra um déficit crescente, que passou de US$ 550 mil para US$ 1,1 milhão no último ano fiscal.
A redução de verbas se soma a outras dificuldades enfrentadas pela Stonewall, incluindo a queda na adesão ao programa corporativo Diversity Champions e a saída de departamentos do governo britânico dessa iniciativa. Apesar de um aumento na arrecadação via doações e eventos, Blake admitiu que a perda do financiamento dos EUA representa um desafio significativo para os principais programas da entidade.
Além do corte na verba destinada à Stonewall, um subsídio de US$ 40 mil para o Festival Internacional do Livro de Edimburgo também foi cancelado. O valor seria usado para financiar seminários sobre ideologia de gênero.
Imposição cultural
A alocação de recursos da USAID para iniciativas de diversidade e inclusão em diversos países tem sido questionada. Segundo artigo de opinião do apologista cristão David Robertson, publicado no Christian Today, parte significativa dos fundos da agência tem sido utilizada para apoiar ONGs estrangeiras alinhadas a objetivos culturais e ideológicos do governo dos EUA. Ele classificou essa estratégia como uma forma de “imperialismo cultural”.
Robertson também apontou outros gastos da USAID que geraram polêmica, incluindo US$ 2 milhões destinados a pesquisas sobre COVID-19 em Wuhan, na China; US$ 20 milhões para investigações sobre Rudy Giuliani; e US$ 473 milhões para a Internews, organização que atua no financiamento da mídia na Ucrânia.
Segundo ele, essas destinações levantam questionamentos sobre o uso de recursos da agência para promover narrativas progressistas em nível global.
Entre outras iniciativas apoiadas pelo governo norte-americano, Robertson mencionou um investimento de US$ 1,5 milhão para promover diversidade e inclusão em ambientes de trabalho na Sérvia, além de projetos como uma ópera transgênero na Colômbia e uma história em quadrinhos transgênero no Peru.
Para Robertson, tais gastos ilustram a priorização de pautas culturais em detrimento da assistência humanitária tradicional.
O governo dos EUA e representantes da USAID não comentaram publicamente os cortes recentes no financiamento da Stonewall e de outras iniciativas, nem forneceram esclarecimentos sobre os critérios de alocação dos fundos no passado, conforme informado pelo The Christian Post.