O relatório da Lista Mundial da Perseguição 2025 aponta que a perseguição aos cristãos na América Latina tem se intensificado, com Cuba sendo identificado como o país mais hostil à liberdade religiosa. O relato de Miguel (pseudônimo), um pastor cubano, ilustra a repressão enfrentada por cristãos no país.
Segundo os dados, entre 2021 e março de 2024, foram registrados 614 incidentes contra seguidores do cristianismo no país em Cuba.
A repressão aos cristãos cubanos tem raízes na Revolução de 1959, quando o governo confiscou propriedades pertencentes a instituições religiosas, incluindo escolas, hospitais e terras. Além disso, líderes religiosos foram presos, exilados ou submetidos à vigilância constante.
Testemunho de perseguição
Desde jovem, Miguel ouvia relatos de prisões de pessoas apenas por possuírem Bíblias. Aos 16 anos, após sobreviver a um acidente, decidiu frequentar uma igreja e, posteriormente, começou a distribuir folhetos cristãos enquanto trabalhava como carteiro. Essa atitude resultou em interrogatórios e ameaças policiais.
Anos depois, Miguel assumiu a liderança de uma igreja na zona rural, enfrentando vigilância estatal e mais de 50 interrogatórios. Segundo ele, o monitoramento governamental se estendia à sua família, que também sofria assédio: “Eles avisaram que, em breve, eu seria preso”, relata.
Alvos do governo
A repressão a líderes religiosos em Cuba se manifesta de diversas formas, desde ameaças diretas até ataques físicos e sabotagens. O pastor Miguel menciona que conheceu colegas que sofreram acidentes de carro suspeitos, possivelmente causados por manipulação dos veículos.
Além disso, agentes do governo infiltraram-se em sua congregação. Em uma das ocasiões, a tentativa de expropriação da igreja foi evitada por intervenção legal. Em outro caso, um espião do governo teria se convertido ao cristianismo depois de testemunhar a rotina da comunidade religiosa.
Diante da perseguição contínua, Miguel e sua família deixaram Cuba, mas ele segue apoiando cristãos no país e mantém a esperança de um dia poder praticar sua fé livremente em sua terra natal, segundo informações da Missão Portas Abertas.