O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia tomou uma “escolha consciente” ao realizar um ataque em grande escala contra a infraestrutura energética da Ucrânia no Dia de Natal.
O ataque deixou diversas regiões sem energia, aquecimento e água em meio ao rigoroso inverno.
A força aérea da Ucrânia relatou ter identificado 184 mísseis e drones lançados durante o ataque. Apesar de muitos terem sido abatidos ou desviarem dos alvos, houve vítimas, embora os números exatos não tenham sido divulgados.
Em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, cerca de 500 mil pessoas ficaram sem acesso a eletricidade, aquecimento e água, segundo o chefe regional.
Em Kiev, moradores buscaram abrigo em estações de metrô enquanto alarmes de ataque aéreo soavam pela manhã. Uma moradora, Sofiia Lytvynenko, disse à agência Reuters que se sentia “irritada e assustada” com a situação. Apesar disso, outro morador destacou que “o Natal não foi cancelado”, mantendo a tradição com familiares após os ataques.
Reações
Moscou confirmou o ataque, alegando que todos os alvos foram atingidos com sucesso, incluindo instalações energéticas críticas. Este foi o 13º grande ataque ao setor energético ucraniano em 2024, conforme declarado pela DTEK, maior empresa privada de energia do país. A estatal Ukrenergo alertou que os cortes de energia poderiam se estender até o fim do dia enquanto reparos eram feitos.
Em fim de mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, descreveu o ataque como “ultrajante” e afirmou que o objetivo da Rússia era privar os ucranianos de aquecimento e eletricidade durante o inverno. Biden reiterou seu apoio à Ucrânia, ordenando a continuidade no envio de armas.
O presidente da Moldávia, Maia Sandu, condenou a incursão de um míssil russo no espaço aéreo do país, reforçando que a ameaça russa vai além da Ucrânia. Em contraste, a Romênia, que também foi mencionada, afirmou não ter detectado nenhum míssil em seu espaço aéreo.
Impacto
Este é o segundo ano em que a Ucrânia celebra o Natal em 25 de dezembro, seguindo o calendário gregoriano, uma mudança recente que busca distanciar o país das tradições russas, que celebram o Natal em 7 de janeiro. Ainda assim, parte da população ucraniana mantém a tradição antiga.
Zelensky classificou os ataques como “desumanos” e reafirmou que esforços estavam sendo realizados para restaurar o fornecimento de energia. Ele declarou: “A maldade russa não destruirá a Ucrânia e não distorcerá o Natal”.
Enquanto a Ucrânia lida com os ataques, bombardeios realizados pelo exército ucraniano na região russa de Kursk resultaram na morte de quatro pessoas e feriram outras cinco, segundo o governador interino da região.
Os ataques mútuos evidenciam a continuidade do conflito em meio às festividades, com impactos severos para civis de ambos os lados, de acordo com informações da emissora britânica BBC.