Uma coalizão formada por líderes religiosos e organizações cristãs dos Estados Unidos enviou uma carta ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio, exigindo a repatriação imediata de mais de 19 mil crianças ucranianas raptadas pela Rússia durante a invasão iniciada em fevereiro de 2022 na Ucrânia.
O documento, liderado por Myal Greene, presidente da World Relief, descreve a situação como “crime contra a humanidade” e pede que o retorno dos menores seja pré-condição para qualquer acordo de paz.
Conteúdo da denúncia:
Segundo a carta, as crianças, com idades entre quatro meses e 17 anos, foram submetidas a “reeducação política, treinamento militar e assimilação forçada” em território russo.
O texto cita relatórios da ONU e da ONG ucraniana Truth Hounds que comprovam a alteração ilegal de certidões de nascimento para suprimir identidades ucranianas e a transferência coercitiva para famílias russas.
“Elas sofrem abusos físicos, privação de alimentos e são impedidas de contatar parentes”, afirma o documento, assinado por entidades como a Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul (ERLC) e o Our Daily Bread Ministries.
Apelo às autoridades
Brent Leatherwood, presidente da ERLC, declarou: “A deportação forçada de 19 mil crianças é maligna. Seu retorno seguro não é negociável”. A coalizão pressiona para que os EUA condicionem avanços nas negociações de paz — mediadas por Trump desde julho de 2024 — à devolução dos menores. “Nenhum acordo deve ser assinado sem garantias concretas”, reforçou Greene.
A invasão russa à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022 sob alegação de “proteção a separatistas pró-Rússia”, já deslocou 14 milhões de pessoas, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR). Dados do governo ucraniano indicam que 91% das crianças deportadas não tiveram acesso a representantes legais ou organizações humanitárias.
Repercussão
Em março de 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandado de prisão contra Vladimir Putin por crimes de guerra relacionados ao sequestro de menores. A Rússia nega as acusações, classificando-as como “propaganda ocidental”.
A carta destaca precedentes históricos, como a devolução de crianças judias após o Holocausto, e exige ação imediata. “Trump tem a chance de corrigir este capítulo sombrio”, disse Mark Tooley, do Instituto de Religião e Democracia. Enquanto isso, a Ucrânia mantém 1.200 casos registrados em cortes internacionais para repatriar seus cidadãos.
A Casa Branca ainda não se pronunciou sobre o apelo.