Um grupo de cristãos de esquerda na Igreja Anglicana divulgou, por meio do site LGBT Faith UK, um guia de recursos que interpreta a Bíblia apontando personagens trans, intersexuais e queer.
Intitulado “A Bíblia afirma pessoas trans, intersexo e queer”, o documento argumenta que personagens bíblicos e narrativas apoiam a inclusão dessas identidades.
Eunucos são apontados no texto como “ancestrais bíblicos” dos transexuais: o guia os destaca como exemplos de inclusão, citando passagens como Atos 8, onde o evangelista Filipe batiza um eunuco etíope sem exigir conformidade de gênero ou biologia.
O guia desconsidera que “eunuco” era uma referência a um servo de uma casa real que foi castrado “com o propósito de servidão confiável”.
Mulheres em papéis masculinos: menciona Débora, juíza de Israel, como exemplo de quebra de papéis tradicionais.
Personagens intersexuais e queer sugeridos: apesar de não identificar claramente indivíduos intersexuais, a orientação propõe interpretações que incluem a mulher samaritana no Evangelho de João.
Autoria
O texto foi escrito por Ann Reddecliffe como parte de seu livro LGBTQ Welcome, e não reflete a posição oficial da Igreja da Inglaterra. A organização LGBT Faith UK é ligada ao grupo de defesa Changing Attitude, que busca uma “inclusão radical” dentro da Igreja Anglicana.
A Igreja da Inglaterra mantém a doutrina oficial de que o casamento é uma união entre homem e mulher e relaciona a intimidade sexual exclusivamente ao casamento.
No entanto, em 2018, a igreja aprovou a adaptação do serviço de Afirmação do Batismo para apoiar indivíduos transgênero.
O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, enfrentou críticas por declarações sobre a aceitação de intimidade sexual em relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, o que foi visto como um desvio da doutrina tradicional.
Calvin Robinson, ex-clérigo da Igreja da Inglaterra, alertou sobre a liberalização excessiva da Igreja Anglicana, argumentando que isso pode levar ao abandono de valores cristãos em favor de tendências seculares.
O guia tem gerado discussões sobre o papel da Igreja na inclusão e o anacronismo da interpretação de textos religiosos pela lente ideológica progressista, de acordo com informações do portal The Christian Post.