Um empresário muçulmano no Paquistão acusou falsamente uma adolescente cristã de 15 anos e dois parentes dela de roubo em retaliação por eles terem deixado o emprego após uma tentativa de estupro.
Javed Masih disse que sua filha, Muskaan Javed, trabalhava como empregada doméstica na casa de Muhammad Kamran Haider. Ele trabalhava vendendo vegetais em Dera Usman, cidade no distrito de Okara, na província de Punjab.
“Haider atacou minha filha em 17 de outubro, quando sua esposa e filhos não estavam em casa. Felizmente para nós, a chegada oportuna de minha esposa, Nasira Bibi, em sua casa salvou Muskaan de ser estuprada”, disse Masih.
O quitandeiro contou que a adolescente estava em estado de choque quando saiu da casa, aos prantos: “Ao perguntar, Muskaan disse a Nasira que Haider tentou agredi-la sexualmente, aproveitando-se de estar sozinha em casa. Minha esposa ficou chocada ao ouvir isso, mas em vez de confrontar Haider naquele momento, ela decidiu primeiro me informar sobre o incidente”, disse Masih.
“Muskaan nos disse que Haider fez avanços sexuais e a assediou desde que ela começou a trabalhar em sua casa em setembro, mas ela estava com muito medo de nos contar”, contextualizou o pai.
De acordo com informações do The Christian Post, o quitandeiro contou que reuniu os anciãos da vila e foi à casa de Haider, e que o muçulmano admitiu a tentativa de estupro e pediu desculpas, implorando para que eles não fossem à polícia.
“Após seu pedido de desculpas, os anciãos me pressionaram para perdoá-lo, dizendo que prosseguir com o assunto só traria desonra à minha família e comprometeria a reputação da minha filha. O medo pelo futuro de Muskaan me forçou a me render à demanda deles”, desabafou o pai.
Retaliação
Depois que a adolescente parou de trabalhar para Haider, ele registrou um caso na Polícia alegando que ela havia roubado joias de ouro no valor de 1 milhão de rúpias (US$ 3.583) de sua casa enquanto estava empregada.
“Ele também nos acusou, a mim e ao meu filho, no Primeiro Relatório de Informações [FIR], alegando que confessamos o crime de Muskaan e também prometemos compensar sua perda”, disse ele, referindo-se ao documento equivalente ao boletim de ocorrência.
O FIR era infundado e uma tentativa de puni-los por se recusarem a enviar Muskaan de volta ao trabalho em sua casa, avaliou o quitandeiro, que decidiu revelar o contexto da tentativa de estupro aos investigadores: “Obtivemos fianças pré-prisão e nos juntamos à investigação, mas a atitude da polícia foi muito hostil conosco. O oficial investigador foi influenciado por Haider, por isso ele nem nos ouvia”.
Um legislador cristão da província chamado Ejaz Augustine, contatou um policial sênior e exigiu uma investigação justa e transparente sobre as acusações: “Mais de 50 moradores da área deram declarações a nosso favor, atestando nossa honestidade e integridade. Podemos ser muito pobres e necessitados, mas não somos ladrões. Estamos sendo submetidos a tais falsas alegações porque Haider acredita que podemos ser pressionados com tais táticas”.
Masih disse que a alegação de roubo e as aparições subsequentes perante a polícia deixaram sua filha ainda mais traumatizada: “Muskaan ainda está se recuperando do choque que sofreu nas mãos de Haider em 17 de outubro, mas essa alegação de roubo a deixou devastada. Nossos corações choram quando vemos nossa filha menor nessa situação, mas estamos desamparados e estamos buscando a Deus para nos resgatar desse problema”.
O legislador declarou que continuará monitorando o caso: “Antes que esse assunto fosse trazido ao meu conhecimento, a atitude da polícia era muito hostil em relação à família cristã. No entanto, depois que intervim, a investigação foi entregue a um policial sênior que me garantiu que garantirá uma investigação justa”.
“Os cristãos em Punjab são frequentemente alvos de falsas alegações se ousarem se posicionar contra seus poderosos opressores. Essas falsas acusações variam de acusações sérias, como blasfêmia, a alegações humilhantes de roubo”, acrescentou Augustine.