Mais de uma dúzia de cristãos foram mortos por homens armados em 22 de dezembro após um culto de cantata de Natal na Nigéria, segundo relatos.
O ataque, direcionado à tribo predominantemente cristã Irigwe, ocorreu na igreja Evangelical Church Winning All (ECWA), localizada a 35 quilômetros da cidade de Jos.
Entre as vítimas estão um bebê de um ano, Sheba Ernest, e uma mulher grávida, totalizando 14 pessoas mortas, conforme informações da organização International Christian Concern (ICC), que monitora a perseguição religiosa.
Famílias inteiras foram assassinadas, o que levou a um enterro coletivo para homenagear as vítimas.
Grande parte da violência na região é atribuída a extremistas islâmicos do grupo Fulani, formado majoritariamente por muçulmanos e conhecido por atacar cristãos, segundo o ICC.
Em outro incidente, relatos iniciais indicam que 11 pessoas foram mortas por militantes islâmicos armados que atacaram comunidades cristãs no condado de Kwande, estado de Benue, no dia de Natal.
“O maior ataque ocorreu durante os cultos em Turan, uma comunidade predominantemente católica Tiv próxima às fronteiras do estado de Taraba e Camarões”, informou o ICC. “Militantes islâmicos não identificados realizaram ataques surpresa adicionais, deixando muitos feridos e forçando outros a abandonar suas casas. Várias residências foram danificadas.”
Uma atualização publicada pelo Morning Star News elevou o número de mortos no Natal para 33, atribuindo os ataques aos pastores Fulani, informou a CBN News.
“O ataque brutal por terroristas Fulani deixou a comunidade em choque e luto”, declarou Udeti Gira, residente local, ao Christian Daily International-Morning Star News. “A população de Kwande ainda aguarda uma resposta decisiva do governo para enfrentar a crescente insegurança na área.”
Segundo dados do Observatório para Liberdade Religiosa na África, mais de 16 mil cristãos foram mortos na Nigéria entre 2019 e 2023.
Em outro incidente, em 10 de agosto, muçulmanos incendiaram uma igreja cristã, destacando a gravidade da perseguição no país. O pastor associado Samson Ogbebor, da Redeemed Christian Church of God (RCCG), relatou que foi informado sobre o incêndio por volta das 3h.
Este foi o segundo ataque à mesma igreja, localizada em Kontagora, estado de Níger. O reverendo Bulus Dauda Yohanna, presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN) no estado, classificou o ato como “bárbaro, injustificado e doloroso”.
Outros líderes religiosos também foram vítimas. Em abril, o reverendo Manasseh Ibrahim foi morto enquanto viajava para atender membros da igreja. Já em novembro de 2023, Oluwakemi Moses, esposa de um pastor, foi assassinada por terroristas enquanto voltava para casa com seu bebê de dois meses.
No ano passado, o reverendo Charles Onomhoale Igechi, vice-diretor da St. Michael College, em Ikhueniro, foi morto enquanto dirigia em Benin, estado de Edo.
Repercussão
A violência na Nigéria ganhou destaque internacional em maio de 2022, quando Deborah Emmanuel Yakubu, uma estudante cristã de 25 anos, foi apedrejada até a morte por um grupo de muçulmanos na Faculdade de Educação Shehu Shagari, em Sokoto. O incidente foi filmado e compartilhado nas redes sociais, causando comoção global.
Segundo a organização Open Doors, a Nigéria ocupa a sexta posição na lista dos países com maior perseguição a cristãos. De acordo com a entidade, “mais de 82% dos cristãos mortos por motivos religiosos em todo o mundo foram na Nigéria.”
Jeff King, presidente da International Christian Concern, destacou a gravidade da situação: “Nos últimos 20 anos, cerca de 100 mil cristãos foram mortos e 3,5 milhões tiveram suas terras tomadas, enquanto o governo praticamente não fez nada.”
Além da violência, há também pressões sociais significativas. A ADF International alertou recentemente que duas universidades nigerianas – uma federal e uma estadual – estariam impedindo estudantes cristãos de usar instalações para cultos ou reuniões religiosas.