Nos últimos anos, diversos países da Europa têm registrado um crescimento na procura por Bíblias e no número de batismos, especialmente entre jovens da chamada Geração Z. O fenômeno tem sido descrito por líderes cristãos como um “avivamento silencioso”, com raízes no período pós-pandemia da Covid-19.
Andreas Nordli, diretor da Jovens Com Uma Missão (JOCUM) na Noruega, afirmou em entrevista ao portal Christian Network Europe, em 5 de junho, que a Europa está passando por uma mudança espiritual significativa. “Acredite ou não, a secularização está morta”, declarou.
Segundo Nordli, que trabalha com jovens há três décadas, o cenário atual é inédito, e por isso considera um avivamento: “Tenho visto mais jovens se convertendo ao Senhor Jesus nos últimos dois ou três anos do que nos 27 anos anteriores”, afirmou. Ele destacou ainda que “muitas igrejas recebem novos convertidos com idade entre 15 e 30 anos”.
O líder observa que os jovens que se aproximam da fé não estão sendo atraídos por campanhas ou eventos eclesiásticos. “Eles estão vindo ao Senhor por conta própria”, disse. A maioria deles, segundo Nordli, foi criada em contextos onde “não existe uma única verdade”, mas, agora, demonstram interesse ativo pela Bíblia e pelos fundamentos da fé cristã. “A Geração Z realmente quer saber qual é a Verdade e por que deveria acreditar”, acrescentou.
Esse movimento tem resultado no aumento de matrículas em escolas bíblicas na Noruega. Muitos jovens frequentam estudos bíblicos, mas ainda não estão integrados às práticas litúrgicas dominicais. Para Nordli, esse comportamento indica uma busca espiritual autêntica, ainda que fora dos padrões tradicionais da igreja institucional.
Histórias de conversão
Entre os novos convertidos está Julia Boehme, da Suécia. Durante a pandemia, ela se envolveu com práticas ocultistas e se identificava como bruxa: “Acreditava que Deus era mau”, contou. Mesmo assim, sentia um vazio espiritual que não era preenchido.
Em uma viagem a Stonehenge, na Inglaterra, visitou igrejas e participou de cultos: “Experimentei a presença de Deus”, disse. Após essa experiência, decidiu seguir Jesus e hoje compartilha seu testemunho com outras pessoas.
Outro caso citado foi o de Volodymyr Fomin, da Ucrânia. Ele se converteu também durante a pandemia, após deixar o movimento da Nova Era e vivenciar a cura de uma depressão. Atualmente, Volodymyr atua em uma missão estudantil cristã em Kiev: “Eles [os novos convertidos] precisam de cristãos maduros para viver a vida com eles. A Geração Z gosta de conviver com a geração dos seus pais”, observou.
Movimento desigual na Europa
Apesar dos relatos positivos, Andreas Nordli reconhece que o fenômeno de avivamento não ocorre de maneira uniforme em todo o continente europeu. O movimento, segundo ele, é mais perceptível em algumas regiões e igrejas do que em outras.
Nordli também destacou que o cenário espiritual nos Estados Unidos tem apresentado sinais semelhantes desde o chamado “despertar de Asbury”, ocorrido em fevereiro de 2023, na Universidade de Asbury, Kentucky. Desde então, segundo ele, jovens norte-americanos têm se convertido em eventos realizados em universidades, praias e espaços públicos, com relatos de batismos, curas e transformações pessoais.
Embora o movimento ainda não receba atenção ampla da mídia tradicional, os líderes envolvidos acreditam que há uma transformação em curso na espiritualidade dos jovens, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.