Na Capela Sistina, em Roma, 133 cardeais de 70 países iniciaram nesta quarta-feira (7) o conclave para eleger o novo papa da Igreja Católica. Considerado o mais multicultural da história – com representantes inéditos de Mongólia, Laos e Mali –, o processo ocorre em um cenário de tensões entre alas progressistas e conservadoras, além de pressões externas por influência.
A eleição, marcada por sigilo absoluto e isolamento dos cardeais (até a internet foi cortada), reflete heranças do pontificado de Francisco, que promoveu diálogo com minorias, defesa ambiental e maior participação de leigos. Enquanto setores reformistas defendem a continuidade dessas mudanças, grupos tradicionais, especialmente de EUA, África e Europa Oriental, pressionam por um retorno à ortodoxia em temas como moral sexual e governança.
Destaques
Entre os principais nomes cotados está o italiano Pietro Parolin, 70 anos, ex-secretário de Estado do Vaticano, visto como um diplomata capaz de mediar conflitos internos, apesar de críticas a acordos com a China.
Já o filipino Luis Tagle, 67, chamado de “Francisco asiático”, atrai progressistas por sua postura humilde, mas enfrenta ceticismo sobre sua experiência administrativa. O húngaro Péter Erdő, 72, surge como voz conservadora, apoiado por nações africanas contrárias a mudanças doutrinárias.
Enquanto isso, lobbies externos tentam influenciar a escolha. Grupos católicos dos EUA, como a Papal Foundation, prometem doações de até US$ 1 bilhão para projetos vaticanos caso um papa alinhado a valores tradicionais seja eleito.
Rumores também citam interesses geopolíticos, como a proximidade do cardeal francês Jean-Marc Aveline com o governo de Paris.
Especialistas preveem um conclave prolongado. “A polarização global contamina a Igreja. O novo líder precisará equilibrar tradição e modernidade para evitar cisões”, analisa Yves Chiron, autor de A História dos Conclaves.
A média histórica é de três dias de votação, mas a complexidade atual sugere negociações mais demoradas.
O resultado impactará desde a gestão financeira do Vaticano, abalada por escândalos recentes, até relações com governos como China e Rússia. Enquanto a fumaça branca não surgir, o mundo aguarda para ver se a Igreja optará por consolidar reformas ou buscará um “caminho seguro” na tradição. Euronews.