Um levantamento da Lifeway Research, com base no National Survey of Religious Leaders (NSRL), revelou que 47% dos pastores evangélicos nos Estados Unidos exercem uma segunda ocupação fora da igreja. O dado representa um aumento significativo em relação a anos anteriores e indica mudanças nas formas de sustento e prática ministerial no país.
De acordo com o estudo, a média geral de líderes religiosos norte-americanos com dupla jornada é de 35%. No entanto, entre os evangélicos brancos e protestantes negros, os índices são superiores. No caso dos líderes negros, 35% possuem outra atividade fora da igreja. Em 2001, a média de pastores com segunda ocupação era de 28%, o que mostra uma alta considerável nas últimas duas décadas.
Em contraste, padres católicos e líderes de igrejas protestantes históricas registram índices mais baixos: 14% e 11%, respectivamente. Nestes grupos, a acumulação de responsabilidades geralmente ocorre dentro do próprio ambiente religioso, como a liderança de múltiplas paróquias ou congregações.
A pesquisa também destaca que a maioria dos pastores não iniciou a carreira ministerial como primeira profissão. Entre os entrevistados, cerca de dois terços relataram ter atuado anteriormente em outras áreas. O número é ainda mais expressivo entre os protestantes negros, entre os quais 89% começaram a vida profissional fora do ministério. Entre evangélicos e protestantes históricos, mais de 60% trilharam caminhos semelhantes, geralmente ingressando na liderança por meio de cargos como líder de jovens ou assistente pastoral.
No que diz respeito à formação acadêmica, o relatório aponta que 81% dos pastores têm diploma universitário e 59% possuem pós-graduação. Desses, quase metade cursou o Master of Divinity (M.Div.), formação teológica tradicional nos EUA. Entre os pastores protestantes históricos, 85% têm pós-graduação e 84% concluíram o M.Div.. Já entre os evangélicos, 38% possuem essa formação, enquanto 22% não têm diploma universitário.
O fenômeno dos chamados “pastores bivocacionais” reflete não apenas desafios econômicos enfrentados pelas comunidades locais, mas também uma transformação nas dinâmicas ministeriais contemporâneas. O relatório indica que liderar uma igreja atualmente exige flexibilidade, preparo teológico e, em muitos casos, complementação de renda.
Segundo o The Christian Post, esse cenário aponta para uma reconfiguração do papel pastoral nos Estados Unidos, marcada por exigências práticas e adaptação às realidades econômicas e sociais do século XXI.