Cerca de 2.000 iranianos estão se convertendo ao cristianismo diariamente, segundo relatório divulgado pela Sociedade Bíblica, organização sediada na Inglaterra. A entidade afirmou que “contrabandeia” Bíblias em farsi (língua oficial do Irã) para abastecer comunidades cristãs clandestinas, que operam sob risco de perseguição em um país onde a renúncia ao Islã é criminalizada.
A legislação iraniana proíbe muçulmanos de abandonar sua fé, classificando a conversão ao cristianismo como “crime contra a segurança nacional”. Igrejas evangélicas são consideradas “grupos políticos sionistas de oposição” e não têm permissão para funcionar abertamente.
Apesar disso, Nahid, líder da Sociedade Bíblica Iraniana (parceira da Bible Society), declarou: “Até o governo admite que o cristianismo está crescendo e o Islã está encolhendo.”
Refugiados
Imigrantes iranianos que fogem do país também têm impulsionado o crescimento de comunidades cristãs no exterior. Uma pequena igreja no sudoeste da Inglaterra, por exemplo, triplicou seu tamanho após receber refugiados iranianos.
O pastor local relatou: “Passamos de 30 para 100 membros em três anos. Os hotéis da região estão cheios de refugiados, e muitos chegam curiosos sobre o Evangelho.”
A Bible Society distribui Bíblias em farsi para essas comunidades. Chantelle Baker, Gerente de Engajamento Comunitário da organização, explicou: “Trabalhamos com igrejas e centros de detenção para fornecer Bíblias gratuitamente. A Igreja oferece um refúgio de apoio e comunidade.”
Relatos
Um refugiado iraniano, que recebeu uma Bíblia na Inglaterra, contou que lia versículos escondido na internet enquanto vivia no Irã:
“Se vissem você segurando uma Bíblia como esta lá, o matariam. É maravilhoso poder ler e orar em minha língua agora.” Outro convertido descreveu a repressão religiosa: “Na universidade, batiam em quem não rezava ou usava véu. No Irã, religião significa punição.”
Um estudo de 2023 da GAMAAN (Grupo de Análise e Avaliação de Atitudes na Holanda) indicou que apenas 32% dos iranianos se identificam com o islamismo xiita, ante 40% em 2020. O número de cristãos no país já ultrapassaria 1 milhão, segundo estimativas não oficiais.
O Irã enfrenta uma crise de êxodo de jovens e acadêmicos — muitos partem sem intenção de retornar, citando perseguição política e religiosa. O país ocupa o 9º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024 da Portas Abertas, ranking que monitora opressão a cristãos.
A combinação de repressão interna, descontentamento com o regime e o trabalho de organizações religiosas no exterior tem alimentado uma transformação silenciosa. Como resumiu um membro da igreja inglesa: “Podemos ser apenas uma comunidade acolhedora, mas temos algo mais a oferecer: as Boas Novas de Jesus.”
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