Um grupo internacional de pesquisadores afirmou estar cada vez mais próximo de confirmar a existência de uma estrutura artificial sob o sítio arqueológico de Durupınar, no leste da Turquia — apontado há décadas por alguns como possível local de repouso da Arca de Noé.
Em comunicado divulgado neste mês, a organização Noah’s Ark Scans informou que novas análises de amostras de solo indicam a presença de matéria orgânica incomum, sugerindo que o local possa ter abrigado madeira antiga.
O sítio foi identificado inicialmente na década de 1950 e se destaca por sua formação geológica com 156 metros de comprimento, o que, segundo a organização, “se alinha exatamente com as dimensões bíblicas da Arca de Noé”. Ao longo das décadas, a hipótese de que se trata da embarcação mencionada no livro de Gênesis (capítulos 6 a 9) gerou interesse público e investigações científicas, mas até o momento nenhuma prova conclusiva foi apresentada.
As amostras mais recentes foram coletadas em setembro de 2023. Segundo a Noah’s Ark Scans, os testes realizados ao longo do inverno apontaram níveis significativamente mais altos de carbono, potássio e matéria orgânica em comparação com áreas próximas, o que, de acordo com os pesquisadores, pode indicar a decomposição de madeira antiga.
“[Os resultados] fornecem evidências convincentes de uma estrutura única, potencialmente artificial, abaixo da superfície, distinta do fluxo de lama ao redor”, afirmou a organização em nota. O arqueólogo Andrew Jones, principal pesquisador do projeto, declarou à Fox News Digital que foi detectada uma concentração de carbono 2,72 vezes maior dentro da formação em comparação com os arredores.
“A composição do solo é marcadamente diferente do fluxo de lama natural, indicando algo extraordinário neste local”, disse Jones. Ele explicou que “a madeira em decomposição contribui diretamente para a matéria orgânica do solo”, o que justifica os níveis elevados de carbono e potássio.
William Crabtree, cientista do solo integrante da equipe, reforçou a avaliação: “A composição do solo é muito diferente do fluxo de lama natural, indicando algo extraordinário neste local”.
A pesquisa também leva em conta dados obtidos por radar de penetração no solo em 3D, realizados em 2019. Segundo a Noah’s Ark Scans, as varreduras indicaram a presença de “um corredor central de 71 metros e estruturas angulares – potencialmente salas ou corredores – que se estendem por até 6 metros de profundidade”. Para os responsáveis pelo estudo, essas formações em ângulo reto não são comuns em formações geológicas naturais, sugerindo “um projeto intencional”.
“A presença de corredores e estruturas semelhantes a salas aponta para uma origem artificial para o formato do barco”, declarou Jones. “A reanálise confirma o que suspeitávamos: essas não são formas aleatórias no fluxo de lama”.
Apesar dos resultados, nenhuma escavação está prevista para este ano. De acordo com Jones, a equipe continuará utilizando técnicas não destrutivas, como pesquisas geofísicas adicionais e perfuração de núcleo, com planos de coleta de amostras mais profundas em 2025.
“Nós estamos focados em entender melhor o que está abaixo do solo e ampliar as análises com métodos não invasivos”, afirmou.
A Arca de Noé é mencionada na narrativa bíblica do dilúvio universal, como a embarcação construída por ordem divina para salvar Noé, sua família e os animais da destruição. De acordo com o relato em Gênesis 6.15, a arca teria cerca de 300 côvados de comprimento (aproximadamente 137 metros), 50 de largura (cerca de 23 metros) e 30 de altura (aproximadamente 13 metros).
O local de Durupınar está situado a cerca de 29 quilômetros do Monte Ararate, tradicionalmente associado ao repouso final da arca, conforme Gênesis 8.4: “E repousou a arca no sétimo mês, no décimo sétimo dia do mês, sobre os montes de Ararate”.
Até o momento, a comunidade científica mantém cautela quanto às interpretações, e especialistas alertam que são necessárias mais evidências para estabelecer qualquer relação entre o sítio e a narrativa bíblica.