As negociações para a libertação de reféns entre Israel e Hamas enfrentam novo impasse próximo à posse de Donald Trump nos Estados Unidos. Apesar de esforços significativos, a chance de um acordo não avançou nos últimos dias.
A proposta inicial previa a libertação de reféns israelenses mantidos pelo Hamas em troca de um cessar-fogo na guerra em Gaza, mas divergências profundas persistem entre as partes.
O prazo para o avanço das negociações foi fixado até 20 de janeiro, quando termina o mandato do presidente Joe Biden. Caso o acordo fosse alcançado, Biden encerraria sua gestão com um marco positivo, enquanto Trump assumiria a presidência sem este conflito em sua agenda imediata.
Ultimato de Trump
Questionado na última terça-feira, 31 de dezembro, durante um evento em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump foi direto ao comentar sobre as negociações: “Deixe-me colocar desta forma. É melhor que eles [Hamas] deixem os reféns voltarem logo”, afirmou, sugerindo que a paciência americana com o grupo terrorista está se esgotando.
No início das negociações, autoridades americanas demonstraram otimismo ao relatarem que o Hamas havia flexibilizado algumas de suas exigências de longa data. No entanto, o grupo voltou a endurecer sua posição, insistindo que Israel deve se comprometer com um cessar-fogo permanente e declarando dificuldades para fornecer uma lista detalhada dos reféns sob sua custódia.
De acordo com o The Wall Street Journal, mediadores do Egito e do Catar confirmaram que Israel mantém sua posição de exigir reféns vivos na troca inicial, recusando-se a receber apenas os corpos de reféns mortos. Além disso, Israel rejeitou a liberação de prisioneiros considerados “terroristas veteranos de alto risco” como parte do acordo.
Segundo o Kan News, o Hamas se recusou a liberar 12 reféns de uma lista de 34 nomes prioritários apresentada por Israel. Em contrapartida, o grupo ofereceu devolver 12 corpos, o que foi amplamente rejeitado pelas autoridades israelenses.
Obstáculos
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, declarou na sexta-feira passada: “Continuamos trabalhando nisso o mais duro que podemos para tentar fechar um acordo de cessar-fogo antes de deixarmos o cargo”.
Ele culpou o Hamas pelo bloqueio nas negociações, afirmando que o grupo tem criado obstáculos e alterado detalhes previamente acertados.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ecoou essas críticas no domingo, antes de passar por uma cirurgia de remoção da próstata. Ele acusou o Hamas de adotar táticas evasivas, descrevendo o grupo como culpado pela falta de progresso: “Eles voltaram às suas antigas exigências e mudam de direção constantemente”, afirmou.
Por outro lado, um alto funcionário do Hamas afirmou ao canal saudita Al-Sharq que o grupo precisa de mais tempo e da retirada de drones israelenses para entrar em contato com diferentes facções que detêm os reféns e obter informações detalhadas sobre eles. Relatórios do jornal saudita Asharq al-Awsat indicam que o Hamas também comunicou que só poderia iniciar a libertação de reféns dias após o cessar-fogo, citando rígidos protocolos de segurança entre os grupos envolvidos.
Famílias
Enquanto as negociações continuam, o Fórum Tikva, um grupo formado por famílias de reféns, emitiu uma declaração exigindo que o governo israelense suspenda as negociações e intensifique a pressão militar sobre os terroristas: “O Hamas quer libertar uma pequena quantidade de reféns em troca de um cessar-fogo de uma semana, que lhe permitirá reabilitar, colocar armadilhas em casas e esconder melhor os reféns restantes”, afirmaram.
O grupo também defendeu a ocupação completa da região norte de Gaza e a imposição de controle sobre alimentos e combustíveis, argumentando que “os reféns não têm tempo para negociações infrutíferas que apenas os colocam em perigo”.
A situação permanece volátil, com negociações fragilizadas e pressão crescente sobre todas as partes envolvidas. O destino dos reféns e a viabilidade de um acordo ainda são incertos, de acordo com o The Christian Post.