O teólogo Franklin Ferreira, em um artigo publicado esta semana, discute as falhas e os desafios do globalismo, especialmente em relação à sua crise no contexto atual e como isso se reflete no cristianismo.
Ele argumenta que o globalismo não é uma tentativa legítima de cooperação entre nações, mas sim um esforço para substituir as soberanias nacionais por uma governança centralizada, administrada por elites não eleitas e hostis às tradições locais, muitas das quais nutridas pelos valores cristãos.
Essa agenda, segundo Ferreira, se reflete em instituições como a União Europeia, a ONU e a OMS, que promovem a uniformização ideológica, enfraquecendo as culturas locais e criando uma nova forma de tirania, composta por tecnocratas e juízes.
“Os valores que uma vez uniram o Ocidente na defesa da liberdade, do império da lei e da civilização cristã foram corroídos por décadas de um crescente globalismo progressista e autorreferente. Talvez o fim iminente dessa parceria, 80 anos depois da guerra, seja uma oportunidade para que os fundamentos dessa unidade – ou o que resta dela – sejam reavaliados”, diz Ferreira em sua coluna na Gazeta do Povo.
Além disso, Ferreira aborda o impacto do globalismo nas democracias, com a ascensão do ativismo judicial e a censura de vozes dissidentes, o que leva à erosão das liberdades individuais.
Ele também critica o liberalismo, que, segundo o autor, falhou ao promover um Estado centralizado e corporações poderosas, resultando em indivíduos atomizados e sem comunidade, condição que alimenta o projeto globalista.
No nível teológico, Ferreira compara o globalismo à Torre de Babel, destacando que, assim como essa construção buscava a unidade sem Deus, o globalismo também tenta criar um mundo sem a presença divina, o que, em sua visão, leva à confusão e ao colapso.
“O resultado? A fragmentação das culturas, o enfraquecimento das soberanias nacionais e o avanço de uma ideologia que promove uma uniformidade ideológica forçada em nome de uma suposta paz mundial, o enfraquecimento constitucional das nações e o surgimento de uma forma velada de tirania, formada por juízes e tecnocratas. O Brasil segue a passos firmes o que já acontece no globalismo europeu”, avalia o autor.
A solução para a crise globalista, segundo Ferreira, não está em restaurar o sistema globalista ou em buscar alternativas políticas, mas na redescoberta da fé cristã, que, para ele, é a única base capaz de unir os povos de maneira verdadeira e duradoura, sem recorrer à tirania ou à destruição das culturas.
“Deus dispersou os homens em Babel não para condená-los à divisão eterna, e sim para conduzi-los à unidade verdadeira – não sob a bandeira da uniformização, mas sob a cruz de Cristo. Somente o evangelho tem o poder de unir os povos sem destruir suas culturas, de trazer ordem sem impor tirania, de prometer redenção sem recorrer à força”, diz ele.
Ferreira, portanto, conclui que apenas Cristo pode oferecer a verdadeira unidade e redenção, contrastando com as promessas vazias do globalismo.
“O fracasso do globalismo não é apenas político ou econômico; é teológico. Nenhum sistema baseado no afastamento de Deus pode perdurar. O Ocidente se esqueceu de suas raízes cristãs e, ao fazer isso, abriu caminho para a sua própria dissolução. Mas a resposta para essa crise não está em restaurar o globalismo sob novas formas, nem em buscar uma alternativa puramente política. A resposta está na redescoberta da fé que uma vez fez do Ocidente uma civilização forte e vibrante”, conclui o autor.