O grupo terrorista Estado Islâmico está interessado no Brasil, e tem entusiastas brasileiros dispostos a pôr em prática um atentado durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que começa no próximo dia 05 de agosto.
Um jornalista que vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa sobre o terrorismo promovido pelos extremistas muçulmanos se infiltrou, há um ano e meio, em comunidades radicais na deep web – área da internet tratada como “submundo”, e acessível apenas por navegadores especiais.
Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o jornalista – que manteve sua identidade em anonimato, por questões de segurança – contou que viajou à Europa para se encontrar com recrutadores do Estado Islâmico.
Lá, descobriu que existem outros brasileiros, além dos onze presos pela Polícia Federal na Operação Hashtag, dispostos a agir em nome do Estado Islâmico: “Eles dizem que estão dispostos a tudo: desde a parte de logística, a planejar, até mesmo cometer o ato terrorista”, disse o jornalista.
“Estão apenas esperando a ordem do recrutador para poder agir. Pode ser de uma forma coordenada, ou então em um único ataque de lobo solitário [como nos casos de Orlando e Nice]. Ele planeja a ação, a preparação e muitas das vezes ele deixa, como ocorreu em alguns casos, um vídeo declarando seu apoio ao Estado Islâmico”, acrescentou.
Entre os que se envolvem nos grupos de discussão sobre terrorismo não existe um perfil predominante: “Nesse grupo, tem todos os tipos de pessoas. Tem desde adolescentes que querem participar, que querem se promover, tem terroristas, que querem realmente se aliar ao Estado Islâmico e cometer um ato terrorista, mas também podem ter agentes de inteligência infiltrados”, pontuou.
“O Brasil nunca foi foco. De uns três ou quatro meses para cá, devido aos Jogos Olímpicos, o Estado Islâmico voltou seu olhar para o Brasil”, alertou o jornalista. Em nota, a PF disse que descobriu detalhes sobre o grupo citado na reportagem logo na fase inicial da Operação Hashtag, e que irá continuar acompanhando o caso.
Filtro
“Você só entra por um convite de alguém que está dentro do grupo”, disse o jornalista, revelando que ele mesmo foi testado.
“O primeiro passo é você conhecer o Alcorão. Eles usam uma versão deturpada do Alcorão e fazem alguns testes, perguntando se você sabe os tipos de oração, se você sabe trechos do Alcorão. Eu tive que estudar o Alcorão”, afirmou.
Na entrevista ao repórter Rodrigo Carvalho, o jornalista infiltrado contou que o Estado Islâmico já desenvolveu seu próprio aplicativo, como forma de divulgar as barbáries aos seus seguidores: “Nesse aplicativo vão ser feitas trocas de mensagens, só que de uma forma mais segura. Com isso, ele só seria distribuído para os recrutadores e os recrutadores teriam acesso às informações e planejariam as ações com as suas determinadas células”.
No aplicativo Amaq Agency, o Estado Islâmico divulga estatísticas de seus atos de terror e informações sobre a luta contra as forças aliadas que tentam recuperar territórios ocupados: “[Números] de aviões que são destruídos na Síria, pessoas mortas, vídeos de decapitação, vídeos de atentados, comemorações… Tudo isso é distribuído como forma deles tentarem disseminar a ideia”, revelou.