Cantor e compositor de pagodes que se tornou evangélico e criou uma instituição para dependentes químicos, Wagner Dias Bastos, conhecido como Waguinho, de 45 anos, tem uma prioridade se eleito senador pelo PTdoB: criar um plano nacional de recuperação de drogados. Waguinho ficou conhecido na década de 1990, quando integrava o grupo Os Morenos. Há sete anos, converteu-se à Assembleia de Deus dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, com quem iniciou o trabalho de recuperação de dependentes químicos, fundando o Instituto Vida Renovada. Waguinho nasceu na favela Vila Cruzeiro e tenta agora seu primeiro mandato eletivo. Há quatro anos trabalhou na campanha do então candidato a senador Francisco Dornelles nas comunidades carentes onde, desta vez, espera ter ele próprio boa votação.
O GLOBO: O senhor diz que pretende lutar por uma sociedade mais justa, ajudar o país a crescer e resolver problemas sociais. São ideias que todos os candidatos defendem. Como vai viabilizar tudo isso?
WAGUINHO: Minha prioridade é aumentar o trabalho que faço de recuperação de drogados e ressocialização de ex-criminosos. Talvez o maior problema hoje de nosso país seja o das drogas. Eu venho desenvolvendo esse trabalho há sete anos com o pastor Marcos Pereira, no Instituto Vida Renovada, numa fazenda que adquirimos há sete anos. Eu gravei o meu primeiro CD evangélico e, (de) tudo o que passei a ganhar da venda de CDs e shows, tirava 50% para aquele trabalho. Hoje, temos 300 pessoas, ex-drogados, ex-traficantes, ex-presidiários. Só crianças viciadas em crack, ano passado, recuperei mais de cem, de 9 a 13 anos. Temos mais de sete mil recuperados.
O GLOBO: Como sua ação no Senado poderia ajudar?
WAGUINHO: Quero criar um programa nacional de recuperação de drogados, principalmente de usuários de crack.
O GLOBO: No que consiste esse programa?
WAGUINHO: A realidade é que nem sei o que vou encontrar lá (no Senado), mas sei que há emendas e a possibilidade de criar um projeto sério para o país. Há 20 dias, saiu uma pesquisa que detectou 900 mil usuários de crack. Desses, 30% vão morrer em um ano, são 270 mil pessoas. Como senador, teremos mais voz para trabalhar nisso.
O GLOBO: Tem propostas voltadas só para o estado?
WAGUINHO: Lutar pelos royalties, embora ache que é uma batalha praticamente perdida e (a decisão) está no colo do presidente Lula. Com a perda do royalties, acho que, com os deputados, precisamos de união para defender interesses como a tributação do petróleo. Em todo o Brasil, o imposto dos produtos é retido na origem. O petróleo é o único que não é.
O GLOBO: Na eleição presidencial, quem o senhor está apoiando?
WAGUINHO: O PTdoB em São Paulo apoia o Serra, aqui a coligação PR-PTdoB apoia a Dilma.
O GLOBO: E o senhor?
WAGUINHO: Como filho de gari e de empregada doméstica, nascido numa favela, sei que o presidente Lula foi muito bom para o povo mais carente. Mas tenho divergências com a Dilma. Sou evangélico, contra o aborto, a legalização das drogas. Apoio a Marina. Mas gosto muito do Lula.
O GLOBO: O senhor faz campanha ao lado do pastor Marcos Pereira, que ficou quatro anos proibido de entrar nas unidades prisionais do Rio (por suspeita não comprovada de envolvimento com o tráfico). Qual a participação dele na sua campanha?
WAGUINHO: Total. Represento os ideais da nossa instituição, de acreditar que o ser humano tenha recuperação. Acredito que qualquer homem, Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP, que qualquer traficante, presidiário e viciado tem recuperação.
O GLOBO: Tem algum projeto para as fronteiras, por onde entram armas e drogas?
WAGUINHO: Dar poder de polícia às Forças Armadas nas fronteiras. É uma forma de usar melhor as Forças Armadas.
O GLOBO: E em relação às reformas política e tributária, muito presentes nos debates, o senhor tem alguma proposta?
WAGUINHO: Estou com 45 anos e, desde os 20, ouço falar nessa reforma tributária. E, a cada ano que passa, é mais um imposto que chega. Acho que a carga tributária, tal como as drogas, chegou a um limite neste país. Acho que há uma certa má vontade, principalmente dos que estão no poder. Então, tem que ter um consenso para resolver isso. Mas você acha que eu, sozinho, vou diminuir os impostos? Aí, há muita conversa fiada. Uma vez lá, eu vou procurar me relacionar. Quem nasceu na Vila Cruzeiro convive bem em qualquer lugar do Brasil. Como diz o Zeca (Pagodinho): sei entrar e sei sair de qualquer lugar.
O GLOBO: E sobre a reforma política?
WAGUINHO: Sou a favor de uma reforma que dê condições iguais para todo mundo numa eleição. Defende-se muito financiamento público paras as campanhas. Mas a campanha de quase todo mundo hoje já é feita com financiamento público.
O GLOBO: Como assim?
WAGUINHO: Como vai se gastar R$ 10 milhões numa campanha? Eu gastei até agora R$ 128 mil; R$ 100 mil, a coligação doou. E o que consegui foi R$ 28 mil. Eu não tenho cargo público, não sou nada. As pessoas me perguntam: “Qual a sua pretensão no Senado?”. Quero os drogados, os mendigos que ninguém quer. Os outros querem estatais.
O GLOBO: É daí que o senhor acredita que vem o dinheiro?
WAGUINHO: Isso tem que ser investigado.
Fonte: O Globo / Gospel+
Cantor e compositor de pagodes que se tornou evangélico e criou uma instituição para dependentes químicos, Wagner Dias Bastos, conhecido como Waguinho, de 45 anos, tem uma prioridade se eleito senador pelo PTdoB: criar um plano nacional de recuperação de drogados. Waguinho ficou conhecido na década de 1990, quando integrava o grupo Os Morenos. Há sete anos, converteu-se à Assembleia de Deus dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, com quem iniciou o trabalho de recuperação de dependentes químicos, fundando o Instituto Vida Renovada. Waguinho nasceu na favela Vila Cruzeiro e tenta agora seu primeiro mandato eletivo. Há quatro anos trabalhou na campanha do então candidato a senador Francisco Dornelles nas comunidades carentes onde, desta vez, espera ter ele próprio boa votação. ( Vídeo: Veja trechos da entrevista com Waguinho )O GLOBO: O senhor diz que pretende lutar por uma sociedade mais justa, ajudar o país a crescer e resolver problemas sociais. São ideias que todos os candidatos defendem. Como vai viabilizar tudo isso?
WAGUINHO: Minha prioridade é aumentar o trabalho que faço de recuperação de drogados e ressocialização de ex-criminosos. Talvez o maior problema hoje de nosso país seja o das drogas. Eu venho desenvolvendo esse trabalho há sete anos com o pastor Marcos Pereira, no Instituto Vida Renovada, numa fazenda que adquirimos há sete anos. Eu gravei o meu primeiro CD evangélico e, (de) tudo o que passei a ganhar da venda de CDs e shows, tirava 50% para aquele trabalho. Hoje, temos 300 pessoas, ex-drogados, ex-traficantes, ex-presidiários. Só crianças viciadas em crack, ano passado, recuperei mais de cem, de 9 a 13 anos. Temos mais de sete mil recuperados.
O GLOBO: Como sua ação no Senado poderia ajudar?
WAGUINHO: Quero criar um programa nacional de recuperação de drogados, principalmente de usuários de crack.
O GLOBO: No que consiste esse programa?
WAGUINHO: A realidade é que nem sei o que vou encontrar lá (no Senado), mas sei que há emendas e a possibilidade de criar um projeto sério para o país. Há 20 dias, saiu uma pesquisa que detectou 900 mil usuários de crack. Desses, 30% vão morrer em um ano, são 270 mil pessoas. Como senador, teremos mais voz para trabalhar nisso.
O GLOBO: Tem propostas voltadas só para o estado?
WAGUINHO: Lutar pelos royalties, embora ache que é uma batalha praticamente perdida e (a decisão) está no colo do presidente Lula. Com a perda do royalties, acho que, com os deputados, precisamos de união para defender interesses como a tributação do petróleo. Em todo o Brasil, o imposto dos produtos é retido na origem. O petróleo é o único que não é.
O GLOBO: Na eleição presidencial, quem o senhor está apoiando?
WAGUINHO: O PTdoB em São Paulo apoia o Serra, aqui a coligação PR-PTdoB apoia a Dilma.
O GLOBO: E o senhor?
WAGUINHO: Como filho de gari e de empregada doméstica, nascido numa favela, sei que o presidente Lula foi muito bom para o povo mais carente. Mas tenho divergências com a Dilma. Sou evangélico, contra o aborto, a legalização das drogas. Apoio a Marina. Mas gosto muito do Lula.
O GLOBO: A Marina é evangélica mas aceita a união civil de homossexuais e um plebiscito para se decidir sobre o aborto.
WAGUINHO: Sou contra.
O GLOBO: O senhor faz campanha ao lado do pastor Marcos Pereira, que ficou quatro anos proibido de entrar nas unidades prisionais do Rio (por suspeita não comprovada de envolvimento com o tráfico). Qual a participação dele na sua campanha?
WAGUINHO: Total. Represento os ideais da nossa instituição, de acreditar que o ser humano tenha recuperação. Acredito que qualquer homem, Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP, que qualquer traficante, presidiário e viciado tem recuperação.
O GLOBO: Tem algum projeto para as fronteiras, por onde entram armas e drogas?
WAGUINHO: Dar poder de polícia às Forças Armadas nas fronteiras. É uma forma de usar melhor as Forças Armadas.
O GLOBO: E em relação às reformas política e tributária, muito presentes nos debates, o senhor tem alguma proposta?
WAGUINHO: Estou com 45 anos e, desde os 20, ouço falar nessa reforma tributária. E, a cada ano que passa, é mais um imposto que chega. Acho que a carga tributária, tal como as drogas, chegou a um limite neste país. Acho que há uma certa má vontade, principalmente dos que estão no poder. Então, tem que ter um consenso para resolver isso. Mas você acha que eu, sozinho, vou diminuir os impostos? Aí, há muita conversa fiada. Uma vez lá, eu vou procurar me relacionar. Quem nasceu na Vila Cruzeiro convive bem em qualquer lugar do Brasil. Como diz o Zeca (Pagodinho): sei entrar e sei sair de qualquer lugar.
O GLOBO: E sobre a reforma política?
WAGUINHO: Sou a favor de uma reforma que dê condições iguais para todo mundo numa eleição. Defende-se muito financiamento público paras as campanhas. Mas a campanha de quase todo mundo hoje já é feita com financiamento público.
O GLOBO: Como assim?
WAGUINHO: Como vai se gastar R$ 10 milhões numa campanha? Eu gastei até agora R$ 128 mil; R$ 100 mil, a coligação doou. E o que consegui foi R$ 28 mil. Eu não tenho cargo público, não sou nada. As pessoas me perguntam: “Qual a sua pretensão no Senado?”. Quero os drogados, os mendigos que ninguém quer. Os outros querem estatais.
O GLOBO: É daí que o senhor acredita que vem o dinheiro?
WAGUINHO: Isso tem que ser investigado.