O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente do partido, protagonizaram um embate público nesta semana devido a divergências sobre o Projeto de Lei da Anistia.
A proposta, que busca perdoar penalidades de participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023, gerou tensão após Pereira sugerir adiar a discussão para 2026.
Malafaia reagiu de forma contundente, classificando o deputado como “cretino” e afirmando que ele “envergonha a Igreja Universal e os evangélicos”. Em resposta, Pereira defendeu sua posição com argumentos jurídicos e criticou o tom do pastor.
A influência de Malafaia
Silas Malafaia é uma das vozes mais atuantes do neopentecostalismo no Brasil e possui significativa influência no cenário político. Com mais de 3 milhões de seguidores nas redes sociais e um império midiático que inclui programas de TV, rádio e publicações, o pastor frequentemente se posiciona sobre temas legislativos, especialmente aqueles ligados a costumes, liberdade religiosa e pautas conservadoras.
Sua atuação vai além do discurso: ele já apoiou abertamente candidatos em eleições, incluindo Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e 2022, e mantém relações com parlamentares da bancada evangélica. Em 2015, foi um dos principais articuladores da “Marcha para Jesus” que pressionou contra a descriminalização do aborto e de drogas. Críticos afirmam que Malafaia mistura religião e política de forma pragmática, enquanto aliados o veem como um defensor dos valores cristãos no Congresso.
Disputa técnica ou política?
Pereira, que também é advogado, destacou que não é possível conceder anistia a processos ainda em andamento. “Demonstrar tendência favorável não significa decidir de forma precipitada”, afirmou. O Republicanos, partido que comanda na Câmara com 44 deputados, ainda não definiu seu posicionamento oficial sobre o tema.
O deputado rebateu os ataques pessoais, acusando Malafaia de agir com hostilidade. “Silas Malafaia exala e transpira ódio”, declarou. “Se acha um bom pastor, que cuide das ovelhas ou entre na política para falar como parlamentar”.
Divisão evangélica
O embate expôs diferenças entre duas das maiores correntes evangélicas do país. Enquanto Malafaia representa a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Pereira tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), grupo que historicamente mantém divergências com a denominação do pastor.
A discussão ocorre em um momento sensível no Congresso, onde o tema da anistia divide opiniões. Com as eleições municipais de 2024 e a disputa presidencial de 2026 no horizonte, o assunto pode ganhar ainda mais relevância no debate político nacional.
Até o momento, não há previsão de votação do projeto. A posição do Republicanos e de outras bancadas deve ser definida nos próximos meses.