Em um episódio publicado no dia 30 de junho em seu podcast Cooper Stuff, o vocalista da banda cristã Skillet, John Cooper, classificou como “uma vergonha e uma tragédia para a Igreja” o escândalo envolvendo Michael Tait, ex-vocalista do DC Talk e do Newsboys.
Durante o programa intitulado “Michael Tait, música cristã e o evangelho que não olha para o outro lado”, Cooper pediu uma “condenação veemente” das ações atribuídas a Tait, sem, no entanto, condenar a pessoa.
Michael Tait foi acusado por vários homens de agressão sexual, incluindo casos em que as vítimas teriam sido drogadas ou intoxicadas e tocadas sem consentimento. O artista admitiu posteriormente ter vivido uma “vida dupla”, confessando “contato sensual indesejado” e anos de abuso de álcool e cocaína.
“Não quero fazer isso, mas o Senhor não me deixava sozinho. Porque, para ser honesto, estou muito insatisfeito com os comentários que tenho visto na música cristã contemporânea, que parecem tão fortemente investidos na ideia, que tem alguma verdade, de ‘Ei, todos pecamos, então vamos focar em nossa própria vida’”, declarou Cooper. “Obviamente, essas coisas são verdadeiras, mas não é por aí que precisamos começar”.
O cantor de 50 anos afirmou que recebeu um “peso do Senhor” para abordar o caso e que a resposta da indústria cristã tem sido insuficiente. “Precisamos de uma condenação veemente desses atos, não de uma condenação de pessoas”, disse. “Estamos condenando as ações das pessoas. De forma veemente, sem pedir desculpas, não recuamos”.
John Cooper integra o conselho da Ascent Church, em Nashville, Tennessee, e ressaltou que o testemunho público dos cristãos está em risco. “Nosso testemunho ao mundo está em jogo”, disse, enfatizando a necessidade de dar prioridade às vítimas. “Meu foco são aqueles que foram vítimas, supostamente abusados e agredidos sexualmente por Michael Tait”.
Durante o episódio de cerca de uma hora, Cooper lamentou o que descreveu como uma tendência de minimizar a gravidade de abusos em nome da graça ou da unidade cristã. “É impróprio pular direto para [a mentalidade de] ‘todos pecam, todos falham, precisamos amar’”, afirmou. “Há categorias nesse contexto que não podemos ignorar”.
Em relação à confissão pública de Tait, Cooper afirmou: “Agradeço a Michael por ter feito a confissão. Ele não deu desculpas. Mas fez isso apenas depois que tudo explodiu”. O cantor questionou: “Você sabe como teria sido se Tait tivesse confessado isso há muito tempo, para reparar as pessoas, para talvez impedir que suas vidas naufragassem? Isso envergonha o Evangelho”.
Cooper também criticou a possibilidade de restauração pública de Tait sem sinais concretos de arrependimento. “Não queremos publicidade e não queremos a restauração da plataforma. Precisamos de um abandono real, doloroso e público do pecado”, declarou.
Sobre a responsabilidade da indústria, Cooper disse que líderes e artistas do meio deveriam reconhecer falhas estruturais. “Reconhecer e dizer: ‘Estou na CCM [Contemporary Christian Music], sou parte do problema’. Não que eu soubesse disso. Mas estou dentro e preciso reconhecer a gravidade disso”.
Diante de especulações de que o comportamento de Tait seria um “segredo aberto”, o vocalista do Skillet afirmou: “Acho muito difícil de acreditar. Eu não sabia disso”. Ainda assim, reiterou: “Estamos em um acordo. Não estamos fazendo o suficiente”.
Cooper também abordou o equilíbrio entre graça e justiça: “Queremos graça para Michael Tait? Claro que queremos. Eu amo Michael. Não vou deixar de amar Michael. Mas somos um povo de graça radical, não de graça barata. E precisamos começar a viver de acordo com a Palavra de Deus”.
De acordo com o The Christian Post, ele concluiu com um apelo: “Permaneçam firmes, permaneçam ousados, andem na luz, mesmo que isso lhes custe tudo”.