Sergei Torop, conhecido como Vissarion ou “Jesus da Sibéria”, foi sentenciado a 12 anos em colônia penal de regime rigoroso pelo Tribunal de Novosibirsk, na Rússia, na última segunda-feira.
O ex-policial, que se declarava a reencarnação de Jesus Cristo, fundou a “Igreja do Último Testamento” nos anos 1990, reunindo milhares de seguidores em um assentamento remoto da Sibéria denominado “Cidade do Sol”.
Dois colaboradores diretos também foram condenados: Vladimir Vedernikov (12 anos) e Vadim Redkin (11 anos). O tribunal ordenou ainda o pagamento de 40 milhões de rublos (R$ 2,78 milhões) em indenizações por danos morais a 23 vítimas identificadas.
Contexto da comunidade
Após o colapso da União Soviética, Torop estabeleceu a comunidade com regras rigorosas: proibição de carne, álcool, tabaco e uso de dinheiro.
Os fiéis viviam sob um sistema que, segundo o Ministério do Interior russo, evoluíra para “estrutura coercitiva”. Investigadores relataram que críticas ao líder eram tratadas como “traição espiritual”, criando ambiente de medo e vigilância constante.
Acusações fundamentais
A sentença baseou-se em evidências de:
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Coação psicológica: Controle mediante isolamento, restrição de contato familiar e supressão de pensamento crítico;
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Dano à saúde: Degradação física e mental de membros, incluindo crianças;
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Fraude financeira: Vedernikov foi especificamente acusado de desvio de recursos.
A operação que prendeu Torop em setembro de 2020 envolveu agentes do FSB (serviço de segurança russo) e helicópteros, devido ao difícil acesso ao complexo.
Defesa e repercussão
Em declaração à BBC em 2022, Vissarion negou as acusações: “Minha missão é puramente espiritual, sem objetivos comerciais ou abusivos”.
O caso reacende debates sobre a regulação de movimentos religiosos na Rússia, onde o governo tem intensificado a fiscalização sobre seitas desde 2017.
Ex-membros relataram à corte práticas como a proibição de “palavras negativas” e a exigência de obediência absoluta. A sentença estabelece precedente para processos similares contra outras comunidades fechadas no país. Com: G1