O Talibã, grupo islâmico que governa o Afeganistão, implementou novas restrições aos direitos das mulheres no país. No final de 2024, o líder do Emirado Islâmico do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, assinou um decreto que proíbe a construção de janelas em prédios residenciais com vista para áreas usadas por mulheres, como pátios e cozinhas.
Além disso, o grupo radical determina que janelas já existentes sejam bloqueadas ou vedadas no país, ampliando a restrição até mesmo para as construções já realizadas.
Segundo Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo, a medida visa evitar situações que possam “levar a atos obscenos”. A declaração foi feita por meio de publicação na plataforma X.
Outro decreto do governo talibã determina que organizações não-governamentais (ONGs) que contratam mulheres estão proibidas de operar no país. Essa decisão amplia as restrições já impostas desde que o grupo retomou o poder em agosto de 2021.
Promessas quebradas
Quando reassumiu o controle do Afeganistão, o Talibã prometeu manter uma postura moderada, incluindo o respeito aos direitos fundamentais das mulheres. No entanto, rapidamente restabeleceu a interpretação rigorosa da lei islâmica, impondo o uso obrigatório da burca, restringindo o acesso à educação para meninas e proibindo mulheres de trabalhar.
Além disso, punições públicas, como execuções e flagelações, foram retomadas, práticas comuns durante o governo Talibã no final da década de 1990.
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, condenou a decisão de fechar ONGs que empregam mulheres, afirmando que “nenhum país pode progredir — política, econômica ou socialmente — enquanto exclui metade de sua população da vida pública”.
Impacto na vida das mulheres
Tala, uma ex-funcionária pública afegã, relatou em entrevista ao The Telegraph o impacto devastador das restrições. Ela criticou o uso da ajuda humanitária internacional pelo Talibã, que, segundo ela, fortalece as ações do grupo contra este segmento.
“Como mulher, não me sinto segura ou protegida no Afeganistão. Cada dia traz novas ordens e regras que retiram até as menores alegrias e extinguem a esperança de um futuro melhor”, afirmou Tala. “Estamos vivendo em uma prisão que fica menor a cada dia”, concluiu.
Essas medidas reforçam a escalada de repressão contra as mulheres no país, gerando crescente preocupação entre organizações internacionais e defensores dos direitos humanos. Com informações: G1