O Irã ocupa a 9ª posição na Lista Mundial de Perseguição 2025, relatório anual da organização Portas Abertas que monitora restrições religiosas em 50 países. A perseguição a cristãos ex-muçulmanos é sistemática: a Constituição iraniana reconhece apenas o islamismo, o cristianismo armênio e o judaísmo como religiões legais, criminalizando conversões.
Apesar disso, o Evangelho avança — muitas vezes por meio de redes clandestinas e iniciativas como a do pastor Adel Khosravi, 45 anos, primeiro refugiado iraniano consagrado pastor batista no Brasil.
Nascido no Irã, Khosravi dedicou 12 anos ao ministério entre persas, com foco em plantação de igrejas e discipulado de líderes. Entre 2012 e 2020, atuou na Turquia, onde fundou três comunidades cristãs e capacitou novos convertidos.
“Seu trabalho sempre foi estratégico: enquanto o regime fechava templos, ele usava a diáspora para expandir a fé”, explicou a Junta de Missões Mundiais (JMM), agência vinculada à Convenção Batista Brasileira, que o integrou ao quadro missionário em novembro de 2024.
Mesmo após deixar o Irã, Khosravi mantém atividades clandestinas em seu país natal. Atualmente, lidera sete grupos de discipulado online e coordena missões digitais para distribuir conteúdo cristão em persa. A prática, comum entre exilados, é arriscada: em 2023, o governo iraniano prendeu 142 cristãos por “atos contra a segurança nacional”, segundo a Artigo 18, entidade de defesa de minorias religiosas.
Refúgio e nova igreja
No Brasil desde 2022, Khosravi foi ordenado pastor pela Primeira Igreja Batista de Alcântara, em São Gonçalo (RJ), em cerimônia histórica para a comunidade batista. Desde então, dedica-se à diáspora persa em São Paulo, onde cerca de 2 mil iranianos vivem, segundo estimativas da JMM.
Sua principal iniciativa é o projeto da Iranian Church, primeira igreja de língua persa do país, sediada no centro da capital paulista com apoio da Primeira Igreja Batista de São Paulo (PIB-SP).
“A Iranian Church não é apenas um templo, mas um espaço de acolhimento para refugiados que fogem da repressão”, afirmou Khosravi em comunicado da JMM. A entidade destacou: “Louvamos ao Senhor por seu comprometimento. Assim como ele, muitas famílias têm sido transformadas pelo amor de Deus”.
A perseguição no Irã intensificou-se após protestos de 2022: relatórios da Anistia Internacional apontam aumento de prisões de minorias religiosas sob acusações de “vínculos com o Ocidente”. Para Raphael Silva, analista da Portas Abertas, “a conversão ao cristianismo é vista como traição cultural, não apenas religiosa”.
Khosravi simboliza uma tendência: 65% dos cristãos ex-muçulmanos no Irã descobriram a fé por meio de contatos pessoais ou online, segundo estudo de 2023 do Grupo Barnabás. Seu projeto em São Paulo já reúne 70 fiéis e planeja inaugurar um centro de apoio a refugiados até 2025.
Com informações da Junta de Missões Mundiais, Portas Abertas e Artigo 18.