O Vaticano anunciou no sábado, 15 de março, que o Papa Francisco, de 88 anos, deu início a um novo processo de três anos para discutir reformas na Igreja Católica em uma escala global.
A decisão ocorre em meio a um período de recuperação do pontífice, que está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro, devido a uma pneumonia dupla. Apesar do desafio de saúde, Francisco continua comprometido com sua missão à frente da Igreja.
Durante seu papado de 12 anos, Francisco tem promovido o Sínodo dos Bispos como uma das principais plataformas para discussão e reforma. A atual iniciativa visa expandir a participação de mulheres no papel de diaconisas e explorar a inclusão de pessoas LGBT na Igreja.
O sínodo, que conduziu uma cúpula de bispos inconclusiva em outubro de 2024, agora dará início a um processo de consultas com católicos ao redor do mundo, que culminará em uma nova cúpula prevista para 2028.
Segundo o Vaticano, Francisco aprovou essa nova fase de reformas enquanto ainda está em tratamento no hospital. Seu processo de recuperação tem sido longo, e sua ausência dos compromissos públicos gerou especulações sobre a possibilidade de ele seguir o exemplo de Bento XVI e abdicar do papado.
No entanto, amigos e biógrafos do papa afirmam que ele não tem a intenção de renunciar. A recente aprovação do novo processo de reformas reflete sua determinação em continuar à frente da Igreja, apesar das dificuldades de saúde e da idade avançada.
Em declarações ao Vaticano News, o Cardeal Mario Grech, responsável pela reforma, destacou que o papa está impulsionando a renovação da Igreja em direção a um novo impulso missionário, descrevendo esse momento como “um sinal de esperança”.
O Papa Francisco, que assumiu o papado em 2013, é amplamente reconhecido por seus esforços em tornar a Igreja mais acessível ao mundo moderno. No entanto, sua agenda de reformas tem gerado críticas de setores conservadores da Igreja.
A introdução de novas pautas sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, divórcio e recasamento gerou descontentamento entre alguns católicos, incluindo cardeais de alto escalão, que acusam o papa de enfraquecer os ensinamentos tradicionais.
Massimo Faggioli, professor da Universidade Villanova e observador atento do papado, afirmou que a nova iniciativa reflete a reafirmação do Papa Francisco como líder da Igreja Católica global, composta por 1,4 bilhão de fiéis. Faggioli indicou que as decisões tomadas agora terão um impacto significativo no restante do pontificado de Francisco.
Após a cúpula de outubro de 2024, que não gerou resultados concretos sobre possíveis reformas, surgiram dúvidas sobre o futuro do papado. Autoridades do Vaticano indicaram que o Papa Francisco ainda está avaliando possíveis mudanças, aguardando a entrega de relatórios sobre reformas para junho de 2025.
Os boletins médicos mais recentes indicam que o estado de saúde do Papa melhorou, e ele não corre mais risco iminente de morte, embora ainda não tenha sido revelada a data de sua alta hospitalar.
Crítica
Por outro lado, a recente decisão de Francisco em permitir que padres católicos abençoem casais do mesmo sexo gerou críticas. O evangelista Franklin Graham, presidente da Associação Evangelística Billy Graham, manifestou-se contra a medida, afirmando que essas “bênçãos” não podem “salvar” os indivíduos do julgamento divino.
Em um post em suas redes sociais, Graham citou o livro de Isaías 5:20, criticando a alteração nos valores morais da Igreja Católica: “Ai dos que chamam ao mal, bem, e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas”. Com informações: CNN