A organização cristã Crossroads Prison Ministries implementa desde 2022 um programa de evangelismo e discipulado, com foco no apoio espiritual na Prisão Feminina de Langata, em Nairóbi, capital do Quênia.
O projeto de evangelismo conecta detentas a mentores de igrejas locais por meio de troca de cartas e estudos bíblicos, com o objetivo de “restaurar dignidade através do Evangelho”, conforme declarou Brian Kamstra, diretor de Ministérios Internacionais da entidade, em entrevista ao Mission Network News.
Metodologia
Durante visita recente à unidade prisional, que abriga cerca de 800 mulheres, Kamstra descreveu cenários de “transformação pessoal”. “Uma detenta havia escrito ‘abençoada’ em sua Bíblia. Ironia? Não. Ela está presa, mas livre em Cristo após testemunhar mudanças em sua vida”, relatou. Segundo a Crossroads, 320 mulheres participam ativamente do programa no local.
Dados do Serviço Nacional de Prisões do Quênia indicam que 61% das detidas no país aguardam julgamento – em alguns casos por até 18 meses. Kamstra citou conflitos domésticos como fator recorrente:
“Muitas são presas ao se defenderem de parceiros violentos”. A superlotação em Langata chega a 140% da capacidade, com seis mulheres dividindo celas projetadas para três, informou o Mission Network News.
Depoimentos
Jane (nome preservado por segurança), detenta há dois anos, compartilhou: “Perdoar minha colega de cela foi crucial. As lições bíblicas me mostraram que sou amada por Deus”. Kamstra enfatizou que o currículo aborda “identidade em Cristo” e “perdão radical”, baseado em textos como Efésios 2:10 (“obra-prima de Deus”).
A Crossroads atua em 23 países, incluindo cinco na África (Quênia, Uganda, África do Sul, Zimbábue e Nigéria). Em seu site, a entidade declara: “Reconhecemos a imagem de Deus em cada pessoa, mesmo privada de liberdade. Nosso papel é equipar igrejas para cumprir o chamado de servir os encarcerados”.
A iniciativa não divulga métricas oficiais de redução de reincidência, mas relata “centenas de decisões por Cristo” em prisões africanas desde 2020. Enquanto isso, a Igreja Presbiteriana do Quênia planeja estender o modelo a outras três penitenciárias até dezembro de 2024.