Um grupo de evangélicos vinculados a setores progressistas lançou, no início de maio, a cartilha “O mínimo que você (ainda) precisa saber sobre o movimento evangélico no Brasil”. O material foi distribuído a deputados federais e assessores da base governista no Congresso Nacional, com o objetivo de apresentar uma análise multifacetada do cenário evangélico brasileiro, conforme declarado pelos autores.
A publicação, organizada pelo pastor Sérgio Dusilek e pelo linguista Nataniel Gomes – professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) –, reúne artigos de especialistas em religião, história e comunicação social.
Segundo os organizadores, a iniciativa busca “combater visões simplificadas e desinformadas” sobre o universo evangélico, frequentemente tratado como bloco monolítico.
O conteúdo reconhece aspectos históricos críticos, como o suposto apoio de parte das igrejas evangélicas à ditadura militar brasileira (1964-1985) e a líderes políticos autoritários em períodos posteriores. Também registra a influência do fundamentalismo religioso norte-americano em correntes do movimento no Brasil e alerta para o uso de templos como espaços para campanhas eleitorais.
Paralelamente, a cartilha enfatiza a diversidade interna do campo evangélico. Entre os exemplos citados estão evangélicos integrados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lideranças negras de periferias urbanas que defendem pautas antirracistas e sociais, e mulheres que atuam como “agentes de resistência” em igrejas com estruturas “patriarcais”.
A circulação do material ideologicamente enviesado ocorre em um contexto de busca de reaproximação entre setores progressistas e o eleitorado evangélico, após derrotas em periferias urbanas nas eleições de 2022 e 2024. A versão digital da cartilha está disponível para o público geral na plataforma Amazon. Com: Exibir Gospel.